As extremidades tocaram-se e o curto-circuito foi forte.
Uma destas extremidades, o Bloco de Esquerda, vendedor ambulante de direitos das mulheres e trabalhadoras, foi apanhado em falcatruas com funcionárias que despediu.
As funcionárias em questão queixaram-se e tornaram públicas essas queixas, através da comunicação social. Mariana Mortágua logo ameaçou levar a dita publicação por vias jurídicas. Só que as trabalhadoras testemunharam e apresentaram provas irrefutáveis de que haviam sido despedidas do partido sem que os seus direitos ficassem convenientemente defendidos, uma grávida e a outra mãe recente.
E só diante do óbvio é que o Bloco de todas as esquerdas veio dizer, por carta enviada pela Mariana aos seus adeptos, que o partido havia errado na forma como resolveu o assunto com as funcionárias.
Ora para um partido que berra alto pelos direitos humanos, esta conduta contraditória, espelha bem de que muitos desses hipócritas políticos estão nos parlamentos apenas pela sua carteira e o resto é conversa.
Da outra extrema, a coisa iguala e até piora. Defendendo antes de mais o direito de presunção da inocência até prova em contrário, um deputado que nos representa a nós, açorianos, na Assembleia da República em São Bento, está sendo investigado por roubos de malas nos aeroportos.
Ora esse deputado, que foi imediatamente demitido da bancada do Chega pelo chefão André Ventura, decidiu continuar a usar a sua cadeira no parlamento (a representar quem?).
A falta de dignidade e de ética é tão flagrante, que envergonha qualquer cidadão que elege deputados para aquela casa.
A única atitude digna a tomar, seria pedir a sua suspensão enquanto decorresse a investigação em curso. Se no final, fosse considerado inocente pelos tribunais, então retomaria o seu lugar.
Persistir ficar como deputado, demonstra a sua fraca qualidade enquanto cidadão e completo desrespeito por todos os cidadãos que votaram no Chega, em cuja lista este senhor foi eleito.
Além do desastre pelo facto de estar a representar a sua terra – os Açores – que agora ficam com menos representatividade em São Bento.
Mas tudo isto só acontece, porque o sistema eleitoral está concebido para facilitar a eleição desta fraca qualidade em todos os partidos. As tais listas escolhidas, partidárias, que depois são atiradas ao eleitorado para que este aprove através do seu voto.
Uma lei eleitoral que nenhum deputado está interessado em mudar, a não ser através de outra revolução.
Um abaixo assinado deve começar já a ser emitido, exigindo a suspensão do deputado Miguel Arruda do Parlamento Português, enquanto decorrem as investigações deste caso, para salvaguarda da honra do cargo bem como da Casa da Democracia que é o parlamento.
José Soares