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Não tem graça nenhuma

Vivemos tempos de grande complexidade.
Escrever para publicar onde quer que seja, tornou-se simples. Dizer o que se quer, mesmo que seja mentira, também é fácil. E não faltam leitores. Porque as notícias de hoje vêm “fardadas” de cor, movimento, música e falácia. Vêm sorrateiras, em forma de imagem ou de reel, curtas e incisivas, prontinhas a consumir.
Os consumidores, somos todos nós que passamos a vida de telemóvel na mão a rir com disparates, a partilhar tolices a oferecer o nosso tempo de vida a acontecimentos que amanhã serão ultrapassados por outros ainda mais ridículos. Mas nós ficamos, insistimos e partilhamos.
Há mais de um mês que o Marco Paulo morreu e lançou para a ribalta um bombeiro que seria seu herdeiro principal. Durante um mês a televisão dispendeu horas e horas de emissão a falar deste assunto que não interessa rigorosamente nada a nenhum de nós.
José Castelo Branco foi acusado de violência doméstica há uma eternidade. A televisão tem utilizado horas de emissão com essa figura e as revistas gastam rios de tinta a publicar ninharias do socialite.
Donald Trump ocupou o mundo durante meses e vai continuar a ocupar. Ele e a sua troup. Ele, Putin, Elon Musk, etc, etc.
O caso das gémeas foi o que se viu. Salvaram -se duas crianças. Isso nunca foi dito. A forma como correu o processo tem gasto tanta tinta que até enjoa.
Enquanto isso, as televisões vão ajudando á festa com Big Brother e afins.
Agora estamos nas malas do deputado Arruda que já deram spots de comicidade e gargalhadas por todo o país.
Passaram-se milhares de pequenas coisas, passam-se todos os dias muitas e muitas coisas que não nos elevam, que não nos ensinam nada, que não melhoram nada as nossas vidas.
A vida real não é divertida mas não vai mudar para melhor se o foco de todos nós estiver nos disparates que nos servem diariamente em todo o lado.
Entramos num túnel estreito de desespero coletivo. Só o ridículo nos anima. Só o riso fácil nos alivia as dores, só a inconsequência nos alegra.
Ninguém quer parar. Desligar o telemóvel e olhar de frente para a forma como temos utilizado o nosso tempo. Perceber que nos falta tudo porque não estamos recebendo nada. Continuamos a varrer a realidade para debaixo do tapete porque dói muito enfrentar a realidade que não queremos ver.
As emissões diretas da Assembleia da República mostram um conjunto de pessoas zangadas a brigar em direto falando de banalidades ou trocando insultos.
As crianças vivem neste mundo desorganizado, com professores descontentes que cumprem programas sem nexo, com pais super ocupados e mal dispostos, sentadas em frente às televisões a ver bonecos para estarem calados.
Tudo o que disse, deixou de ser exceção. É a regra.
Estou desiludida. Não tenho saudades da ditadura mas tenho saudades dos anos em que as pessoas tinham vergonha na cara e usavam a cabeça para pensar. Porque, mesmo os medíocres, ficavam menos medíocres em contato com os bons. E os bons eram muitos.
Tenho saudades do tempo em que a subtileza de uma piada fazia com que nem todos rissem porque nem todos entendiam.
Está feito o meu desabafo de início de semana.

Gabriela Silva

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