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Reflexões em tempo agreste

Proliferação, a meu ver exagerada, de manchetes em todos os órgãos de comunicação social (e redes sociais) a propósito do caso do deputado do partido Chega, Miguel Arruda. A “novidade” será porque o caso envolve uma acusação de apropriação indevida de bens materiais um pouco fora do comum? Sobrelevar este caso em relação a outros conhecidos, ou em investigação, nos meios da política institucional, apenas contribui para desvalorizar esses outros e transformar a personagem do presente num coitadinho ou num bode expiatório.
Claro que este deputado, mesmo presumivelmente inocente como é seu direito e que reconheço deva ser integralmente respeitado (o que não está acontecendo), pelo facto de pertencer a um partido de extrema-direita que capitaliza descontentamento sob a forma de votos, mas sem nada resolver, através sobretudo de julgamentos precipitados na praça pública, ou de linguagem desbragada e barata que constantemente atira cá para fora contra ladrões, mamões e corruptos (que os há em alguns partidos, como no caso do próprio em questão), tem todo o flanco exposto, e o seu partido também, à achincalha pública, como está acontecendo. Assim se virou, como mais tarde ou mais cedo inevitavelmente sucede, o feitiço contra o feiticeiro…
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, esteve em Portugal esta semana, com o seu ar presunçoso e autoritário, para anunciar que Portugal está na mira da Rússia (?) e para, assim, tentar convencer o nosso país a cortar nos dinheiros da saúde, pensões, reformas e outros apoios sociais, para investir em armamento até aos 3% do Orçamento do Estado. Quer retirar dinheiro a quem precisa e alimentar a banca, as multinacionais, quem tem milhões nos paraísos fiscais e todos os que andam a encher os bolsos à custa da guerra.
O Primeiro-ministro Montenegro não genufletiu perante ele com os dois joelhos (positivo), mas sempre pôs em terra um (negativo), quando afirmou que ia acelerar a entrega dos 2% anteriormente prometidos, também por António Costa, e que isso não iria beliscar nenhuma despesa social do Estado. Discurso contraditório com a recusa deste e de anteriores governos em reservar 1% do OGE para a cultura, invocando precisamente que isso implicaria cortes na área social. Pela afirmação do Primeiro-ministro, fica assim absolutamente demonstrado que 1% do OGE vale muito mais que 2% do OGE… (?)
Netanyahu não apareceu nas comemorações dos 80 anos da libertação, pelo exército soviético, do Campo de Concentração de Auschwitz (27 de janeiro), na Polónia. Fez bem… tem à sua guarda dois outros campos de extermínio que pretende tudo menos libertar: a Faixa de Gaza e a Cisjordânia!
Na senda de Biden e dos anteriores, os patrões políticos desta gente toda, Donald Trump parece, no entanto, menos preocupado que eles em disfarçar com a estátua da liberdade, a bandeira dos direitos humanos, ou o slogan da maior democracia do mundo, o profundo autoritarismo totalitário e imperialista, característico das administrações norte-americanas, pelo menos desde Ronald Reagan, onde a Democracia se transformou numa instituição cada vez menos recomendável, face às leis do mercado e à continuidade das aspirações norte-americanas de domínio económico e militar do mundo. Só agora se mostrou escandaloso (certamente pelos pés acorrentados e as algemas) o repatriamento forçado e desumano de cidadãos não legalizados, tratados como criminosos. Mas atenção, este repatriamento forçado e desumano, é conveniente que se diga, foi feito ao abrigo de uma lei, não de agora, mas já anteriormente em vigor… Donald Trump é o sintoma, não a doença!

Mário Abrantes

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