O Presidente da Associação do Alojamento Local dos Açores (ALA) salientou ontem que é necessário avançar com soluções concretas para combater a sazonalidade do turismo nos Açores, já que durante a época baixa, “mais de 60% das unidades encerram”, que “afeta, não apenas os proprietários, mas também os destinos e comunidades envolventes”.
No discurso de abertura do 3.º Encontro do Alojamento Local dos Açores, a decorrer no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, João Pinheiro adiantou que é necessário “encarar esta realidade com soluções concretas, como o reforço das ligações aéreas, o impulsionar da promoção turística nas épocas de menor procura e o investimento em estratégias de captação de mercados alternativos”.
Para o Presidente da ALA, o setor necessita de “medidas que combinem a sustentabilidade económica com a qualidade da oferta, garantindo que o crescimento não seja interrompido, mas potenciado”.
João Pinheiro afirmou que “as ligações regulares e acessíveis são o fio condutor entre o sonho de visitar os Açores e a realidade de o fazer. Um destino de qualidade exige infraestruturas modernas e experiências de viagem consistentes e agradáveis”, deixando o desafio para que, neste encontro, surjam “ideias e propostas concretas, com vista a garantir que as nossas ilhas continuem a ser competitivas e acessíveis a um público global”.
Salientando que o setor do Alojamento Local (AL) “já representa mais de 60% das camas disponíveis na Região e mais de 40% das dormidas totais nos Açores”, o dirigente da ALA revelou que no segundo dia do encontro “teremos a oportunidade de apresentar a atualização do estudo de impacto económico do Alojamento Local na região, que revela dados impressionantes, como o impacto do AL na economia da Região, de cerca de 350 milhões de euros em 2023, o que representa uma contribuição muito significativa para o PIB regional, de 6,7%”.
Para João Pinheiro, o AL é, no entanto, “muito mais do que números”, uma vez que “é uma força transformadora, que impulsiona a reabilitação de edifícios antigos, dá vida às economias locais e cria oportunidades onde antes havia estagnação. São espaços que acolhem, encantam e oferecem experiências genuínas, promovendo as nossas tradições e singularidades insulares”.
“Outro tema central e incontornável é o da taxa turística, implementada no início deste ano e que, apesar de ser uma oportunidade para reinvestir no setor, chegou num momento pouco propício e com deficiente adaptação”, afirmou o Presidente da ALA, alertando para a importância de uma “aplicação adequada destes fundos”.
João Pinheiro salientou ainda o trabalho incansável desenvolvido pela ALA, “para apoiar os nossos associados.
Nos últimos anos, a ALA conseguiu “alertar as entidades competentes e incluir o Alojamento Local no acesso a fundos comunitários, nomeadamente nos Pequenos Negócios do Construir 2030, disse João Pinheiro, considerando que “esta foi uma pequena, mas muito significativa vitória, permitindo que os proprietários possam investir no aumento qualitativo das suas propriedades”.
No entanto, disse, “é fundamental que haja uma revisão do valor limite de apoio, pois, com a inflação, os montantes disponíveis começam a ser insuficientes”.
O dirigente associativo declarou-se ainda satisfeito com “o anúncio da reprogramação do PRR, reforçando o Solenerge, um programa essencial para a sustentabilidade energética, onde o Alojamento Local pode desempenhar um papel fundamental”.
Para João Pinheiro, este 3.º Encontro serve não apenas para “celebrar o impacto do Alojamento Local na economia regional, mas para reafirmar o nosso compromisso com um setor que valoriza a sustentabilidade, a qualidade e o crescimento inclusivo.
Juntos, temos o poder de elevar o Alojamento Local a novos patamares de excelência, mantendo-o como uma força motriz para o progresso das nossas ilhas”.
Ponta Delgada tem mais
de 900 alojamentos locais
O Presidente da Câmara Municipal, Pedro Nascimento Cabral, afirmou que a taxa turística foi implementada em benefício dos munícipes de Ponta Delgada, visando manter a política de baixos impostos e investir na melhoria de infraestruturas, preservação de espaços verdes, gestão de resíduos e alavancagem do próprio setor do turismo.
“Eu não vou aumentar os impostos aos cidadãos de Ponta Delgada em detrimento da aplicação duma taxa turística. Lamento, mas não contem comigo para isso. É importante que quem nos visita compense a pegada turística que deixa”, frisou.
Pedro Nascimento Cabral falava, esta ontem, na sessão de abertura do 3.º Encontro de Alojamento Local dos Açores, no Teatro Micaelense, iniciativa organizada pela Associação do Alojamento Local dos Açores (ALA) que contou com o apoio da Câmara Municipal de Ponta Delgada.
O autarca defendeu que não podem ser os munícipes de Ponta Delgada a suportarem, com mais impostos, a pressão adicional que decorre do crescimento exponencial do número de turistas na ilha de São Miguel.
Conforme disse, é chegado a um ponto em que é justo que quem nos visita contribua para a manutenção dos serviços e infraestruturas que utiliza. Sustentou, depois, que o valor da taxa turística aplicado pelos seis municípios de São Miguel não é suficiente para inibir um turista de se decidir por uma viagem à ilha.
“Sinceramente, dois euros por hóspede, no máximo de três noites, equivale, talvez, a um happy meal”, exemplificou.
O autarca esclareceu que, ao abrigo do regulamento criado, os residentes nos Açores, jovens até 13 anos, pessoas portadoras de incapacidade física igual ou superior a 60%, e hóspedes de cuja estadia no concelho seja motivada pela obtenção de serviços médico estão isentas do pagamento da taxa turística municipal.
“O destino da taxa turística está plasmado no regulamento e na lei. Os fundos arrecadados com a taxa turística têm uma finalidade exclusiva: a reabilitação, manutenção e construção de tudo o que são equipamentos ligados à atividade turística”, explicou.
Como tal, o autarca enfatizou que a taxa turística servirá para continuar a apoiar o setor turístico e manter a baixa fiscalidade no município, tendo recordado que, em Ponta Delgada, as empresas pagam apenas 1% de derrama e que, até final deste ano, a Câmara Municipal terá abdicado de arrecadar 32 milhões de euros, por via de impostos, para deixá-los à livre gestão das famílias do concelho.
O Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada realçou, nesse sentido, que a taxa turística representa uma fonte de receita adicional que permitirá melhorar “estradas, saneamento, iluminação pública, zonas balneares e espaços verdes”, fazendo questão de recordar que a requalificação dessas mesmas infraestruturas irá beneficiar residentes, turistas e as empresas que os atendem.
Durante a sua intervenção, Pedro Nascimento Cabral congratulou-se, também, com “o crescimento robusto” do setor do alojamento e restauração no concelho, evidenciado pelo facto de as empresas ligadas à área terem registado um aumento de volume de negócios superior a 95 milhões de euros e criado mais de 450 novos postos de trabalho, entre 2021 e 2023.
“Dados oficiais evidenciam o crescimento sucessivo e sustentado da atividade subjacente aos Alojamento Locais. Na verdade, em Ponta Delgada, no ano 2021, no que diz respeito ao alojamento e restauração, tínhamos 304 empresas, com 3130 trabalhadores, que apresentavam um volume de negócios de cerca de 94 milhões de euros. Em 2023, passamos a ter, na mesma área, de alojamento e restauração, 323 empresas, com 3587 trabalhadores, apresentando um volume de negócios 189 milhões de euros”, detalhou.
Revelou, ainda, que o concelho de Ponta Delgada possui mais de 900 alojamentos locais.
Luís Garcia: AL é motor
económico
O Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), Luís Garcia, defendeu ontem que o setor do Alojamento Local “tem sido um motor de valorização do património edificado e um fator de dinamização económica”, permitindo que muitos açorianos invistam, requalifiquem e beneficiem do potencial do arquipélago.
“Ocupando um papel cada vez mais relevante nas nossas comunidades, o Alojamento Local tem contribuído para a recuperação dos centros urbanos e de imóveis degradados, trazendo nova vida a espaços antes esquecidos”, afirmou o Presidente da Assembleia Legislativa na abertura do 3.º Encontro de Alojamento Local dos Açores, em Ponta Delgada.
”Um setor turístico forte só é possível com pessoas motivadas, reconhecidas e bem preparadas. Nos Açores temos nas nossas gentes o maior ativo que podemos oferecer ao mundo: um espírito autêntico de hospitalidade, uma capacidade única de acolher e partilhar o melhor que temos”, afirmou o Presidente da Assembleia Legislativa.