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Mário Fortuna, Presidente da Câmara do Comércio – “Guerra tarifária de Trump vai afectar as exportações dos Açores”

Com as exportações a cair, com exceção das destinadas aos Estados Unidos, que estão a crescer quase 3%, a indústria têxtil e do vestuário de Portugal olha com apreensão para 2025 e a entrada em funções da nova administração liderada por Donald Trump.
Em causa as guerras tarifárias prometidas pelo novo inquilino da Casa Branca e que levam a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) a pedir ao governo português e à AICEP que reforce os apoios à promoção “da imagem do país e da imagem da indústria” nos EUA.
O mercado norte-americano representa 8% das exportações têxteis, com destaque para o vestuário e os têxteis-lar.
Foram quase 500 milhões de euros em 2022, valor que caiu 10% em 2023, mas que em 2024 voltou a crescer.
Nos primeiros nove meses do ano, a indústria têxtil portuguesa exportou 318,3 milhões de euros para os EUA.
Os EUA continuam a ser o principal mercado de exportações de vinho português (com 77 milhões de euros), além da França (76 milhões de euros), do Brasil (66 milhões de euros), do Reino Unido (53 milhões de euros) e do Canadá (38 milhões de euros).
E nos Açores? O “Diário dos Açores” questionaou o Presidente da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, Mário Fortuna.

“Deveríamos revisitar os constrangimentos logísticos”

A “guerra tarifária” prometida por Donald Trump às exportações europeias vai prejudicar os Açores?
A guerra tarifária afetará as exportações dos Açores na mesma medida em que vai afetar as exportações europeias uma vez que temos uma pauta aduaneira comum. Importa, no entanto, perceber que bens exportamos para os EUA.
Podemos dizer que são essencialmente bens associados ao mercado da saudade, sem grande impacto global, embora com algum impacto ao nível dos laticínios ou das bebidas. Por pequeno que seja, não deixa de ser um impacto negativo, seja pelos seus efeitos diretos seja pelos indiretos, uma vez que os impactos na economia nacional e europeia acabam por nos afetar também porque estes são os nossos grandes mercados no dia-a-dia e se perdem fôlego os nossos clientes compram menos.
Importa sublinhar, no entanto, que a nossa grande exportação atual para os Estados Unidos são os serviços do turismo que têm subido de tal forma que aquele país já é o nosso principal mercado emissor.
Felizmente, não se conhecem e não se vislumbram quaisquer medidas que afetem negativamente este sector pelo que a nossa principal exportação não será afetada.

O facto de os EUA terem uma presença militar na Base das Lajes poderá atenuar o “castigo tarifário” contra Portugal?
Não vemos como isto possa acontecer uma vez que, como já referido, as tarifas são fixadas a nível europeu e não a nível nacional ou regional. A importância adicional que esta administração possa vir a dar à Base das Lajes, a acontecer, deverá manifestar-se de outra forma mas não na questão tarifária.

Há constrangimentos na exportação de produtos dos Açores para os EUA?
Os constrangimentos na exportação para os Estados Unidos ou para qualquer outra geografia existem sempre na forma de normas (não tarifárias) a cumprir pelos produtos, restrições comerciais tarifárias e logísticos.
As normas que os produtos têm de cumprir são transversais e têm a ver com os padrões de qualidade que cada país impõe, como, por exemplo, as características bacteriológicas do queijo, o conteúdo de mercúrio no peixe ou a natureza transgênica dos cereais, para citar apenas algumas restrições não tarifárias.
As tarifas aplicadas, são um constrangimento ao alterarem as condições de mercado.
As condições logísticas acabam por ser um dos maiores constrangimentos, se não o maior, nas nossas exportações para os Estados Unidos, geralmente porque não temos dimensão crítica para ter boas ligações marítimas e o transporte aéreo de mercadorias é muito caro para a generalidade dos produtos. Esta circunstância não é nova e o problema persiste, limitando a dimensão do nosso fluxo exportador para aquele mercado. O mesmo acontece com outros destinos de acessibilidade mais difícil. Resulta deste facto que a grande intensidade comercial acaba por ser com o continente.
Para incrementar as exportações de produtos para os Estados Unidos seria necessário revisitar os constrangimentos logísticos e agir proativamente naquele mercado, numa ação planeada com os potenciais exportadores e importadores. Infelizmente o que se tem feito nesta área, da parte da Região, tem sido muito pouco senão mesmo insignificante.

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