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Ad multus

A hora de festejar mais um ano de luta e de vida é também tempo de recordar quanto os Açores devem ao mais antigo Diário acostado a estes rochedos. Somos a última ou a primeira fronteira da Europa, a cada dia espreitamos o quotidiano e mantemos o olhar no mais amplo horizonte na dialética entre o mundo do Passado e o rumo ao Futuro.
Há edifícios que são a nossa memória e esta é que nos dá Vida. As memórias são a nossa existência. Por ela vivemos e somos realmente.
Como Diário que luta há tanto tempo pelo bem comum e em busca dos valores mais elevados, estamos presos historicamente ao povo de onde viemos e à tradição que mantemos. A geografia, para nós, vale tanto como a história, afirmava Nemésio e não é inutilmente que as nossas memórias escritas se inserem nas lutas quotidianas de uma gente que resiste às intempéries que aqui arribam. Como sereias, temos uma dupla natureza: somos de carne e de pedra. Os nossos ossos mergulham no mar”.
É na narrativa da tradição a coligar-se ao progresso que a linha editorial melhor se inscreve. Com a abertura a tantos colaboradores, das mais variadas linhas de pensamento, torna a Síntese da tradição que tem o progresso por Antítese o que melhor se afirma a cada dia.
Correndo o risco de ser redundante ou demasiado simples, atrevemo-nos a dizer que o Diário dos Açores rejuvenesce e se mantem vivo contra as tempestades da mudança e da tecnologia. A leitura reflectida e pausada, sem a interferência das tecnologias, mantém a fidelidade e um modo de ver o mundo que ganha enriquecimento interior que só o contacto com o papel torna mais real. A imprensa de papel enfrenta novos desafios que jamais foram enfrentados. A ameaça do digital indicia um novo e sério adversário. Tal como o Titã Anteu, da mitologia grega, é mergulhando na Terra, nas suas raízes que lhe dão Vida que cada desafio se torna Vitória.
Nascido já há séculos, numa terra vulcânica, instável por natureza, tem resistido a tantas mudanças que o tornam mais forte na luta diária por valores e cultura que caracterizam a Ilha que representa. Contra os ventos da mudança a oferta de uma leitura diferente passa numa mensagem que é História Universal centrada num particular que se objectiva.
Uma viagem no tempo levará a consultar o que mais Açoriano e universal temos. A cada página vemos um marco do passado no presente a testemunhar a Presença Açórica.
Desde os primeiros tempos a luta pela cultura e valores dos Açores e dos Açorianos no palco da História pauteia cada dia nestas páginas
Cada dia marca uma trajectória e uma Vitória do futuro firmado nas palavras mais autênticas do Bem-Querer à ILHA que é sempre o Longe que se afirma no Perto. Entre o cá e o lá das páginas surge uma ponte para a nossa Esperança que transmite a Fé numa viagem para o futuro num tempo das mais rápidas mudanças. Farol do futuro com raiz na tradição hoje é um dia para firmar a sua Voz mais forte que nunca. O quotidiano mais antigo dos Açores, sempre fiel a si mesmo na sua Voz plural, afirma-se em prol da cultura e o bem comum ao longo de tempos cada vez mais árduos e conturbados. . Hoje há, tal como no primeiro dia, a vontade de ser uma voz livre e presente em cada pedra do Destino destas INSULAS.

Lúcia Simas

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