Seria fácil escrever um artigo sobre a novela recente do “malagate” que já fez rolar tanta tinta e que de tão caricata que é, parece mesmo que foi algo criado pela inteligência artificial, mas não foi.
Mas esta situação é bastante reveladora do partido que se propõe a limpar tudo. Um partido que diz tudo e o seu contrário. Nos Açores, num dia reúnem com o Presidente do Governo e sopram aos quatro ventos que tudo está bem, que as suas exigências estão a ser acauteladas. Nos dias seguintes, em visitas, em notas de imprensa, na Assembleia Legislativa, afinal tudo está mal.
É a saúde que está mal, é o aumento abrupto dos bens essenciais como o gás, são as baixas fraudulentas, é a SATA, é a agricultura, é as pescas, é a educação, etc., etc. Não fossem os partidos da oposição assertivos a alertar recorrentemente para várias situações e parecia que tudo ia bem no reino da Dinamarca.
Mas, de facto, as coisas vão mal. São navios que aguardam dias para atracar, a custar 20 mil euros/dia para os compradores da sua mercadoria; são animais que aguardam diversos dias para serem escoados; são os florentinos que minguam com a falta de produtos (em tempos havia um partido a ocidente que também gritava aos quatro ventos estas situações…); são as conserveiras que aguardam apoios do POSEI desde 2021; são instituições que aguardam há meses por aprovação de candidaturas; são associações que fecham portas; são empresários a reclamarem, quase como um grito de revolta, por previsibilidade nos pagamentos; são as freguesias que não recebem os apoios.
Efetivamente algo vai mal no reino da Dinamarca.
Do plenário de janeiro duas situações deveras negativas por parte do Sr. Deputado José Pacheco. A primeira é insinuar que não consegue andar na rua à noite que é assaltado. Talvez também seja da inteligência artificial, mas viver na Terra Chã deve ser difícil por estes dias…
A outra intervenção lamentável foi aquando do voto de protesto do PS sobre o atraso no pagamento das bolsas aos estudantes deslocados. Em alto e bom som o sr. Deputado repetiu que estuda quem pode. É triste ver um deputado que nos representa tecer tamanha barbaridade. A educação como elevador social, o Estado como garante dessa educação fica em que parte para o sr. Deputado? O Estado serve para quê também se não como promotor da educação?
É caso para se dizer, que desconjuro!
Manuel Pacheco