Edit Template

Saúde (do) Pública(o) (8) – Sobre vacinas e a verdade dos factos

“As lições para o futuro, no tocante à gestão das próximas Pandemias e Emergências de Saúde Pública, resultarão da análise (que tarda!) do que foi a última pandemia, dos seus fracassos e sucessos, dos seus erros e acertos. Em cada uma das fases da mesma. Na metrópole e nas regiões autónomas.”

O tema da semana: as vacinas salvam vidas!

Na Europa, um menino, de 10 anos, morreu num hospital, em Berlim (Alemanha), depois de ter contraído difteria, uma doença infecciosa causada pela Corynebacterium diphtheriae. Segundo o diário alemão “Der Tagesspiegel”, o menino, de Brandemburgo, não tinha sido vacinado. A criança estava nos Cuidados Intensivos desde Outubro, mês em que foi diagnosticado com a doença. A mãe também terá sido infectada, mas não corre risco de vida.
A escola onde o menino estudava confirmou a morte, numa carta distribuída à comunidade escolar.
Segundo a Direção-Geral de Saúde a infecção pode ocorrer ao nível das vias respiratórias superiores, com aparecimento de lesões localizadas nas amígdalas, laringe, nariz e também na pele. Os sintomas mais comuns da doença são febre ligeira, cansaço e mal-estar e dor de garganta. A vacina contra a difteria é a principal forma de prevenir a doença.
Nos EUA, assistimos à pior temporada de gripe desde 2002-2003, época em que começou a monitorização das épocas gripais.
Os mais atingidos, este ano, são crianças com idades entre os 0 e os 4 anos, e entre os 5 e os 17 anos.
Este ano verificamos, também, que nos EUA tivemos uma das mais baixas coberturas de vacinação contra a gripe.
Nos EUA, como em Portugal, há regiões do país com maior cobertura, e outras com menor cobertura vacinal. Para a gripe, e para as outras doenças. Porque não é apenas o vírus da gripe que circula.
O Estado do Texas tem, neste momento, em curso um surto de sarampo. Até agora, foram identificados 48 casos, com início dos sintomas até há 3 semanas. 13 dos doentes foram hospitalizados. Todos os casos são em pessoas não-vacinadas, ou em que o status de vacinação é desconhecido.
O Condado de Gaines, Texas, o epicentro deste surto de sarampo (onde aconteceu a esmagadora maioria dos casos), tem uma das menores taxas de vacinação contra o sarampo. No ano lectivo 2023-2024, o Condado de Gaines teve a menor taxa de vacinação contra MMR (sarampo, parotidite e rubéola), a nossa VASPR, em jardins de infância (81,97%), entre os vários condados do oeste do Texas.
Tudo isto anda ligado: menor vacinação, mais doença. Os factos comprovam-no.

A homenagem da semana: a verdade e os números.

“Considero completamente sem importância quem vai votar no Partido, ou como. O que é extraordinariamente importante é isto: quem vai contar os votos e como”.
Este pensamento é atribuído a Estaline, e podemos encontrá-lo no livro “The Memoirs of Stalin’s Former Secretary”, escrito por Boris Bazhanov, secretário pessoal de Stalin. Segundo Bazhanov, o pensamento foi proferido por Estaline em 1923, referindo-se a uma votação no Comité Central do Partido Comunista da União Soviética.
De acordo com a base de dados da “Previdência Social” dos EUA, os números de pessoas em cada grupo etário com o campo de óbito definido como FALSO (ou seja, que estão vivos), são os seguintes:
Acima dos 120 anos, estes dados indicam que há mais de 12 milhões de americanos. Leu bem. 12 milhões de americanos com mais de 120 anos. Cerca de 2000 americanos têm mais de 200 anos…
Estes dados acrescem aos que têm sido públicos, nas últimas semanas, na sequência de uma auditoria feita aos serviços públicos nos EUA, pela administração do presidente Trump.
“Os factos são teimosos, mas as estatísticas são mais flexíveis”, disse o bem conhecido Mark Twain.
Na tomada de decisão, em Saúde Pública ou em qualquer outra matéria, a informação é uma variável essencial. Obviamente que quando a informação não é verdadeira o decisor, seja em Saúde Pública seja em qualquer outra matéria, tomará uma decisão que, com elevada probabilidade, não será a adequada.
É na sequência deste raciocínio que regresso ao pensamento do Camarada Koba, José Estaline: quem conta os votos gere a informação, e assim “decide” a informação que se torna oficial.
Na tomada da decisão que decide a gestão da Coisa Pública, e a vida das pessoas, não podem estar os decisores reféns da aleatoriedade da personalidade individual, do acaso das fontes de informação estarem nas mãos de gente com maior ou menor “estatura moral”.
Os “geradores” de informação, ou seja aqueles que “pegam” nos dados e os transformam em informação considerada válida, devem ser entidades a toda a prova, preferencialmente assentes na objectividade matemática. É um imperativo que assim seja.
As lições para o futuro, no tocante à gestão das próximas Pandemias e Emergências de Saúde Pública, resultarão da análise (que tarda!) do que foi a última pandemia, dos seus fracassos e sucessos, dos seus erros e acertos. Em cada uma das fases da mesma. Na metrópole e nas regiões autónomas.
Oxalá estes ventos de auditoria às mais diferentes actividades, processos e informações, cheguem rapidamente à Europa. E, se tal for por ordem de proximidade geográfica melhor, para nós.

Mário Freitas*

  • Médico, Coordenador Regional da Saúde Pública dos Açores
Edit Template
Notícias Recentes
Açores tiveram o maior aumento dos proveitos do turismo no país
Nordestenses nos EUA vão organizar 30º convívio na Lomba da Fazenda
Poço nas Flores continua livre e gratuito
Câmara da Lagoa reúne com taxistas para planear resposta para transporte a portadores do Cartão Lagoa + Saúde
Pedro Nascimento Cabral felicita alunos de mérito nos 173 anos da Escola Antero de Quental
Notícia Anterior
Proxima Notícia

Copyright 2023 Diário dos Açores