A região raramente enfrentou um desafio tão exigente como o incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo, que obrigou a decisões rápidas e eficazes para minimizar os impactos na rede de saúde.
Diante da gravidade da situação, a prioridade imediata foi garantir a segurança e o bem-estar dos utentes, assegurando a sua transferência para outras unidades de saúde de forma organizada e eficiente. Simultaneamente, tornou-se essencial definir estratégias para a recuperação do HDES e o restabelecimento, com a maior brevidade possível, da normalidade no sistema regional de saúde.
Consciente da urgência e da complexidade do problema, o Governo Regional baseou-se em pareceres técnicos e contou com o aval das Ordens dos Médicos e dos Enfermeiros para avançar com uma solução funcional: a construção de um hospital modular. Menos de um ano após o incêndio, esta estrutura está em funcionamento, permitindo a retoma gradual dos serviços e contribuindo para a estabilização do sistema de saúde, fortemente abalado pela tragédia.
Com o passar do tempo, as críticas não tardaram, sobretudo por parte de setores políticos e algumas vozes isoladas. A divergência de opiniões é natural e saudável numa democracia. Nenhuma decisão de grande envergadura é consensual, havendo sempre perspetivas divergentes. No entanto, é inegável que qualquer outra solução adotada pelo Governo Regional também seria alvo de contestação e debate.
Este cenário remete-nos à clássica fábula do Velho, do Rapaz e do Burro, na qual um avô e o seu neto tentam agradar a todos enquanto viajam com o burro. A cada novo conselho, mudam de estratégia: ora o menino monta o burro, ora o velho, ora ambos, até que, ao tentarem carregar o animal nos ombros, acabam por perdê-lo no rio. A moral da história é clara: é impossível satisfazer todos, e tentar fazê-lo pode mesmo levar à perda do essencial. Da mesma forma, independentemente da decisão tomada pelo Governo Regional, haveria sempre contestação. O mais importante, contudo, é garantir que as ações sejam orientadas pelo bem comum e não pelo desejo de agradar a todas as opiniões.
Importa sublinhar que a resposta do Governo Regional foi célere e focada na segurança e no bem-estar dos açorianos, em particular dos utentes do HDES. No debate de urgência realizado na ALRAA, ficou evidente a falta de propostas alternativas por parte da oposição. Em particular, a bancada do Partido Socialista, que governou os Açores durante 24 anos sem resolver de forma estrutural os problemas do setor da saúde, limitou-se a criticar a solução encontrada sem apresentar alternativas viáveis.
Em muitos momentos, o tom do debate parlamentar mais se assemelhou a uma conversa de café, dado o nível frágil da argumentação utilizada. A responsabilidade parlamentar exige rigor e propostas concretas.
A má herança socialista nesta matéria não deve ser esquecida: ainda antes do incêndio, o Hospital do Divino Espírito Santo já carecia de intervenções urgentes. Segundo um parecer das direções clínicas e de Enfermagem, o Serviço de Urgência sofria de limitações graves de espaço, colocando em risco técnicos de saúde e utentes, além de comprometer a segurança, a qualidade e a privacidade dos cuidados prestados. Este parecer ilustra o desleixo dos governos socialistas, que deixaram o HDES ao abandono e incompleto – veja-se o célebre quinto piso, que nunca entrou em funcionamento.
É importante recordar que o incêndio no HDES foi classificado como um “desastre nacional” pelo Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos e que a solução do hospital modular foi elogiada não apenas pelas Ordens profissionais, mas também pela Ministra da Saúde. Infelizmente, onde deveria prevalecer a solidariedade institucional, assistimos a uma estratégia de oposição baseada na mera politiquice, que desconsidera a gravidade da situação e a necessidade de um esforço conjunto para superar esta crise.
As críticas vazias e desprovidas de alternativas não alteram o facto de que a Região está a recuperar e a fortalecer o seu sistema de saúde. O caminho seguido pelo Governo Regional tem sido o mais adequado dentro das circunstâncias, por mais que isso incomode alguns setores da oposição. O foco deve permanecer na reconstrução, na melhoria dos serviços de saúde e no compromisso com os açorianos, que esperam soluções concretas e eficazes, e não meros jogos políticos.
Paulo Simões