O Presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, marcou presença na cerimónia de abertura do mandato 2025-2030 do Comité das Regiões, evento que assinala oficialmente o fim da liderança da instituição do também açoriano Vasco Cordeiro.
O líder do executivo açoriano destacou a importância da representação dos Açores no Comité das Regiões, sublinhando a relevância da política de coesão para o desenvolvimento equitativo de todo o território europeu.
“Sentimos a força da Açorianidade nesta representação, com capacidade, conhecimento e entendimento da importância desta nossa presença”, afirma José Manuel Bolieiro.
O governante enalteceu o percurso de Vasco Cordeiro na presidência do organismo europeu, lembrando que apoiou a sua nomeação desde o início, e recordando que a sua presidência resultou de um entendimento político com o então primeiro-ministro de Portugal, António Costa, expressando satisfação e orgulho por essa articulação que permitiu a um açoriano liderar o Comité das Regiões.
Apoio a Vasco Cordeiro
“Tive, desde o primeiro momento, o gosto e a responsabilidade de apoiar Vasco Cordeiro, reconhecendo a importância desta representação para os Açores e para Portugal”, frisou.
José Manuel Bolieiro frisou ainda que esta representação fortaleceu as posições dos Açores perante outras Regiões Ultraperiféricas, consolidando o arquipélago como uma região de oportunidades, e acrescentando que é essencial projetar os Açores junto da União Europeia como um território que contribui para a sua dimensão e desenvolvimento.
“Queremos que os Açores sejam vistos como uma mais-valia para a União Europeia, um território com potencial para o futuro”, reforçou José Manuel Bolieiro.
Entretanto, o Presidente do Governo dos Açores reuniu-se com o Presidente do Conselho Europeu, António Costa, no edifício Europa, sede principal do Conselho Europeu, no âmbito da visita a Bruxelas para diversas reuniões de trabalho.
O encontro serviu para reafirmar a cooperação entre os dois dirigentes, recordando a colaboração anterior, com José Manuel Bolieiro a liderar o Governo dos Açores e António Costa no cargo de Primeiro-Ministro de Portugal.
Açores:
região de oportunidades
O líder do executivo destacou a evolução dos Açores de uma região de necessidades para uma região de oportunidades, aproveitando a oportunidade para sinalizar que a relevância dos Açores não deve ser apenas medida pela sua dimensão territorial e demográfica, mas também pelo seu contributo através da sua vasta dimensão marítima, espacial e atlântica ocidental
“Os Açores não são apenas um território remoto, são uma mais-valia estratégica para Portugal e para a União Europeia”, afirmou José Manuel Bolieiro.
O governante sublinhou a necessidade de integrar a política de coesão com estratégias que promovam a coesão territorial e social, bem como o desenvolvimento das periferias, e reforçou a importância geoestratégica dos Açores, nomeadamente em questões ligadas à competitividade, investimento, segurança e defesa.
José Manuel Bolieiro manifestou preocupação com a continuidade da política de coesão no próximo Quadro Financeiro Plurianual, destacando a necessidade de manter os seus objetivos de combate às assimetrias regionais.
Os Açores
e o transatlântico
O presidente do Governo dos Açores considerou que o oceano Atlântico, com o seu potencial estratégico, “potencia para a União Europeia” uma “outra vocação” no seu relacionamento transatlântico
Bolieiro sublinhou o “conhecimento do oceano como um capital de geopolítica” e que, no caso do Atlântico, “potencia para a União Europeia uma outra vocação do seu relacionamento mais a ocidente, transatlântico”, com “grande prevalência dos Açores”.
O líder do executivo açoriano falava aos jornalistas, em Bruxelas, a anteceder a sua participação na Conferência “European Ocean Pact and Marine Protected Areas: the case of the Azores” (Pacto Europeu para os Oceanos e Áreas Marinhas Protegidas: o caso dos Açores), promovida pelo eurodeputado social-democrata Paulo Nascimento Cabral.
Bolieiro adiantou que o conhecimento do oceano e seu capital é relevante “também para as relações diplomáticas, influência política e estratégica na relação entre estados e continentes”.
Para o chefe do executivo açoriano, esse entendimento do oceano, “não da sua pluralidade, dos vários oceanos, mas do oceano como um só, que une vida humana, animal e vegetal no planeta, é já uma vantagem para o reconhecimento e o valor que os Açores querem dar ao mar”.
Bolieiro destacou o “exemplo dos Açores na sua vivência com o mar, o respeito pelo mar, pela natureza e sustentabilidade”.
“Nos Açores, temos feito do nosso exemplo, uma liderança, não da palavra nem da intenção, mas de realizações”, disse, referindo que a opção por proteger 30% das áreas marinhas na região” é um elemento que se integra numa visão mais estratégica que é a economia azul”.
Com o alargamento para 30% de áreas marinhas protegidas nos Açores, o arquipélago pretende preservar os recursos marinhos, reduzir as atividades extrativas e tornar mais sustentável o uso do espaço marítimo.
Também em declarações aos jornalistas, Tiago Cunha, da Fundação Oceano Azul, outro dos oradores da conferência, considerou que os Açores “têm um papel fundamental” a desempenhar na relação da União Europeia com o oceano.
O responsável apontou a criação do programa Blue Azores como uma “proteção do oceano que vai gerar ganhos muito importantes para a sustentabilidade do oceano”, hoje “posta em causa”.