Os primeiros grupos de romeiros, dos 55 que este ano estarão na estrada, sairão hoje para a estrada.
Durante uma semana, os romeiros darão a volta à ilha de São Miguel, de terço na mão, cumprindo mais do que um ritual penitencial um caminho de esperança e conversão.
É porventura a maior mobilização de homens em todo o país, uma manifestação de fé que já conta com mais de 500 anos e que está prestes a ser inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
“Pretendemos que estas nossas Romarias sejam, efetivamente, um despertar para nos envolvermos mais na nossa vida quotidiana, particularmente nas nossas famílias, nas nossas comunidades, numa maior intervenção social e cultural nas nossas comunidades” disse ao Sítio Igreja Açores João Carlos Leite.
A manifestação, que já tem mais de 500 anos, não tem sofrido grandes alterações a não ser a nível logístico pois há zonas da ilha que devido à sua reduzida capacidade de resposta no número de famílias de acolhimento, as pernoitas são feitas em pavilhões ou centros sociais e paroquiais.
“No fundo, é uma manifestação que vem decorrendo de ano para ano com poucas variações, digamos assim” reconhece o presidente do Grupo Coordenador dos Romeiros de São Miguel que este ano está particularmente atento às questões das redes sociais.
“O que nós apelamos todos os anos, e este ano com maior incidência também, é que todos os ranchos observem a maior disciplina possível, para poderem concentrar-se na oração e nas reflexões que vão fazendo, e também como respeito ao outro, no respeito pela natureza” adianta .
“Este ano, especialmente, fruto de algum exagero que aconteceu, particularmente no ano passado, em relação ao uso abusivo do telemóvel, de captar imagens e gravações dos ranchos em oração e em caminhada, pedimos maior contenção” justifica lembrando que “a maioria dos romeiros não gosta nem aceita, até porque perturba quem está a fazer a caminhada, tanta exposição”.
“Este mesmo apelo que fazemos aos irmãos fazemos também a quem está de fora” esclarece ainda, insistindo que este é um “tempo de retiro”.
“As Romarias são sempre um enorme tempo, são oito dias consecutivos, ininterruptamente, em que estamos em retiro, mas também em caminhada espiritual, incluindo no recolhimento nas famílias ou nos salões, nas pernoitas, nós procuramos que o nosso comportamento, a nossa conduta, se coadune com a nossa experiência de peregrinos durante os dias todos”, diz ainda.
Entre as intenções que os romeiros levam para estes dias está a oração pelo Papa e este ano, particularmente pelo restabelecimento das suas melhoras. O Grupo Coordenador, que em dezembro de 2014 foi recebido pelo Papa a quem entregou um ramalhete espiritual com milhares de orações em sua intenção, pondera mesmo a possibilidade de contabilizar as orações feitas em intenção do Santo Padre.
“O Papa Francisco, até pela sua dimensão social e o envolvimento que ele tem particularmente com os mais desprotegidos, com os pobres e com os migrantes, é-nos muito caro” disse ainda João Carlos Leite.
Romeiros dos Fenais da Ajuda fazem intercâmbio com paróquias do Patriarcado de Lisboa
Uma delegação de romeiros do rancho da Paróquia dos Fenais da Ajuda (Ilha de São Miguel – Açores) vai fazer um intercâmbio, de 12 a 16 deste mês, com as paróquias de Turquel e Évora de Alcobaça (Patriarcado de Lisboa).
Com esta atividade pretende-se “divulgar e permitir a vivência religiosa muito característica da ilha de São Miguel pelas terras continentais”, lê-se numa nota enviada à Agência ECCLESIA.
“Sendo um movimento de espiritualidade mariana, os romeiros vão partir do Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, com a celebração da eucaristia, no dia 13 pela madrugada, tendo como prevista a chegada ao Santuário de Fátima no dia 14 à tarde, a fim de se poder participar no terço e missa na capelinha das aparições”.
Esta romaria com destino ao Santuário de Fátima tem a particularidade de inserir homens das paróquias de Turquel e Évora de Alcobaça, permitindo assim um “intercâmbio e partilha de vivências na fé e no diálogo de culturas diferentes”.
Reflectir sobre a Oração
do Pai-nosso
O Grupo Coordenador dos Romeiros de São Miguel propõe que este ano todos os ranchos possam ao iniciar a caminhada diária refletir sobre a Oração do Pai-nosso.
A meditação sugerida pelo Grupo Coordenador, foi preparada pelo assistente espiritual do movimento, padre Francisco Rodrigues, e visa que todos estes peregrinos da esperança, na romaria quaresmal deste ano, possam estar sintonizados com o tema para este ano “Romaria– tempo e passos de esperança!”.
Para cada dia há um tema que é aconselhado ser rezado e meditado a seguir ao pequeno almoço e depois a partilha de cada irmão ser feita a seguir ao almoço e antes da pernoita.
O esquema da meditação começa sempre por uma interpelação com três questões seguida da sugestão de pistas para reflexão individual e depois um texto meditativo e finalmente as partilhas das ressonâncias de cada um.
No primeiro dia sugere-se uma introdução ao tema do Pai-Nosso- Para mim, o que significa rezar o Pai-nosso? Que lugar tem para mim o Pai-Nosso? Como vejo esta oração do Pai-Nosso, um caminho espiritual a fazer? Ela ajuda-me a crescer na intimidade com Deus?- segue-se um texto meditativo.
No segundo dia aborda-se o tema “Pai e esperança- Pai-Nosso que estais nos Céus”; no terceiro dia a reflexão é sobre “Nome e esperança- santificado seja o vosso nome” em que é pedido ao romeiro que se questione sobre si e sobre o seu desejo de santidade. No quarto dia, a reflexão está assente no “Reino e esperança- venha a nós o vosso reino”, em que se propõe uma reflexão sobre o reino de Deus, o que se anuncia na romaria e o que se vive no rancho.
No quinto dia o tema é “Vontade e esperança- Seja feita a vossa Vontade assim na terra como no céu” e abordar-se-á a vontade do Pai e a atuação em função dessa vontade.
No sexto dia propõe-se uma reflexão sobre “O pão nosso de cada dia nos dai hoje” a partir do Dia e da Esperança., nomeadamente, o que significa o dia do Senhor e a importância da eucaristia.
Finalmente no sétimo dia a proposta é refletir sobre a tentação e a esperança, a partir do último apelo da oração do Pai-nosso “não nos deixeis cair em tentação”.