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Os Açores na encruzilha da da fama

“Ora se no caso chinês, os Açores foram contemplados diretamente com a visita pessoal da representação política, no caso de Macron, a questão prende-se com os Açores em particular, dado que detemos um milhão de quilómetros quadrados de área hidrotória. Nós somos oceano, somos mar. Sempre assim foi.”

Estamos na mó-de-cima. Estamos nas bocas do mundo. Os Açores estão a recolher os primeiros frutos, no pomar da sua abundância de recursos, de beleza, de infraestruturas, de curiosidades e cobiças capitalistas, de boas intenções e outras mais duvidosas.
É o caso dos chineses que vieram ver in loco, seguindo a velha temperança cultural própria, que tal seria investir alguns biliões nas Ilhas. Ficaram todos espantados, mas isso de chineses, deve contar-se sempre às centenas de milhões, tanto de pessoas como de moedas…
A seguir temos o presidente da França que, sem vir aos Açores, anunciou que vai patrocinar uma Conferência dos Oceanos. E aqui é que a porca torce o rabo!
Macron defende Pacto Europeu dos Oceanos. A 3.ª Conferência dos Oceanos (UNOC3) decorrerá entre 9 e 13 de Junho deste ano em Nice. A última decorreu em Lisboa em 2022.
Com a concorrência chinesa sobre produtos açorianos para a China e perspetivas comerciais em vários domínios, como a produção de laticínios e seus derivados, aquacultura e ciência, como ficou perspetivado na visita oficial de três dias aos Açores do Embaixador da China em Portugal, Zhao Bentang, que se fez acompanhar por uma delegação comercial, esta visita não é feita ao acaso. Os chineses já recolheram muita informação nos últimos anos e trabalharam em absoluta discrição (como sempre fazem). Quando o próprio embaixador vem ver com os seus olhos, já está informado por Pequim. Quanto ao presidente Emmanuel Macron, o mesmo disse o seguinte em Lisboa:
“Estamos a falar de um continente verdadeiramente escondido, de tesouros que devemos descobrir. Quando outros vão para Marte, nós decidimos abraçar Neptuno. Esse é o nome da missão escolhida, e nós iremos anunciar isso em Nice. Apenas se conhece 5% do fundo dos oceanos. Os restantes 95% são ainda desconhecidos e não cartografados.”
Ora se no caso chinês, os Açores foram contemplados diretamente com a visita pessoal da representação política, no caso de Macron, a questão prende-se com os Açores em particular, dado que detemos um milhão de quilómetro quadrados de área hidrotória. Nós somos oceano, somos mar. Sempre assim foi.
Até que ponto seremos capazes de absorver ofertas de tal monta?
Serão os políticos regionais, de todos os partidos, capazes de se unirem nos esforços de levar por adiante o que está sendo proposto pelas duas potências mundiais, China e França?
O mercado chinês é imenso. Temos a noção realista da nossa dimensão. Mas podemos exportar muito para a China e com isso alavancar excecionalmente a economia açoriana.
Mas… e Lisboa? O que pensa a nata política de São Bento ou Belém?
Será que farão o mesmo que fizeram com a presidência de Vasco Cordeiro, quando uma companhia canadiana – a Nautilus – se proponha a estudar os mares dos Açores e foi impedida pela ganância soberana dos “donos” de São Bento e Belém?
E na Conferência dos Oceanos (UNOC3), sob os auspícios do presidente francês e patrocinada pela ONU, quem vai estar em Nice em nome dos Açores? Na comitiva portuguesa estarão açorianos e madeirenses?
Perguntas que necessitam respostas. Portugal diz que tem Ilhas. Mas nós somos as Ilhas.
E por informações seguras externas à diplomacia habitual, sei que Washington está a ser lembrado por um grupo de pessoas, sobre a importância dos Açores para a política externa de Donald Trump…!

José Soares*

*[email protected]

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