No passado mês de Fevereiro, nos Açores, foram descarregados em lota 224 138 kg de pescado, menos 41% do que no período homólogo (não inclui pescado rejeitado nem caldeirada, nem algas não destinadas a consumo humano) com um valor total de 1 819 235 euros (menos 26%), dos quais 217 280 kg foram de peixe (96,9%), correspondendo a 96,0% do valor monetário total das descargas, revelou ontem o SREA.
Mais de metade
em S. Miguel
Mais de metade das descargas foram efetuadas na ilha de São Miguel (65,9%) e 51,9% do valor total dasvendas foi gerado nesta ilha.
A ilha das Flores apresentou o preço médio mais elevado (17,07 euros/kg), valor consideravelmente superior à média regional (8,12 euros/kg).
Preço médio aumentou
Em termos de variação, o volume de pescado descarregado em lota teve um decréscimo de 41,8% relativamente ao mesmo mês do ano passado, aumentou cerca de 29,4% em relação ao mês anterior e diminuiu 0,7% na média dos últimos 12 meses.
Relativamente ao valor do pescado descarregado em lota, verificou-se uma variação homóloga mensal negativa de 26,6%, uma variação mensal positiva de 28,2% neste mês e uma variação média dos últimos 12 meses negativa de 1,1%.
Quanto ao preço médio, neste mês aumentou 26,0% face ao mesmo mês do ano passado, para 8,12 euros/kg, diminuiu 0,9% em relação ao mês anterior e desceu 0,1% na média dos últimos 12 meses.
PPM pede mudança
nas quotas
O deputado do PPM no parlamento dos Açores defendeu a “mudança imediata” das regras de gestão das quotas de pesca, para acabar com o “prejuízo inaceitável que tem sido imposto aos pescadores das ilhas mais pequenas”
O deputado único do PPM no parlamento açoriano, Paulo Margato, referiu, em comunicado, que o modelo de distribuição de quotas, mantido pela Federação das Pescas dos Açores, “não pode continuar nem mais um dia”.
Paulo Margato alegou que o modelo em vigor “está a condenar” os pescadores das ilhas do Corvo, das Flores, da Graciosa e de Santa Maria a um sistema prejudicial que não tem em conta as suas desvantagens logísticas e impede a rentabilidade justa do seu trabalho.
“Os pescadores destas ilhas não querem esmolas, nem promessas vazias. Querem apenas trabalhar, mas a Federação das Pescas dos Açores, presidida por Jorge Gonçalves, construiu um modelo que favorece os grandes interesses instalados e ignora os pescadores que enfrentam maiores dificuldades estruturais”, considerou o PPM.
Segundo o partido, “a imposição das quotas trimestrais, sem qualquer respeito pela realidade específica e operacional das ilhas mais pequenas, não é apenas uma má decisão – é uma política deliberada, que protege alguns e prejudica todos os outros”.
“O regime atual de quotas trimestrais é um atentado ao trabalho dos pescadores das ilhas mais pequenas e uma demonstração clara da total indiferença da Federação em relação à realidade da pesca nestas ilhas”, sustentou Paulo Margato, citado na nota.
Depois de referir que “os pescadores das ilhas não podem escolher quando vão ao mar”, salientou que o modelo de quotas trimestrais “ignora completamente esta realidade, retirando aos pescadores a única coisa que sempre tiveram: a liberdade de aproveitar os dias em que o mar permite trabalhar”.
O parlamentar apontou que a injustiça “fica ainda mais evidente quando se olha para o caso do goraz”.
“No início de março, os pescadores do Corvo, das Flores e da Graciosa já tinham esgotado a sua quota, sem mais possibilidade de pescar essa espécie essencial para a sua rentabilidade. No entanto, as grandes frotas ainda tinham toneladas disponíveis para capturar nas ilhas de grande dimensão”, alertou.
O PPM considerou que a Federação das Pescas dos Açores “não representa todos os pescadores açorianos” e exigiu desta uma “atitude proativa imediata”.
“Não basta discursos e justificações vazias. Queremos uma mudança concreta nas regras de distribuição das quotas e uma reformulação séria deste modelo, com uma abordagem justa e equilibrada. Essa mudança tem de passar, desde já, por uma conversação direta e transparente com as associações de pescadores e com os próprios pescadores das ilhas mais pequenas, que são os principais afetados por esta política injusta”, defendeu o partido.
Paulo Margato exigiu “o fim imediato dos desequilíbrios do atual regime de quotas distribuídas por ilha e uma melhor distribuição das mesmas, tendo em conta as especificidades e as dificuldades logísticas adicionais e outras desvantagens evidentes das ilhas de menor dimensão”.
“A luta começa agora e só terminará quando houver justiça para todos os pescadores dos Açores”, concluiu.