A XXI Romaria Escolar voltou a sair à rua e mais uma vez os romeiros de São Pedro ajudaram no percurso, orientando 75 romeiros
A XXI Romaria Escolar contou este ano com 75 romeiros´, muitos deles jovens em idade e em participação neste momento de caminhada e de partilha de fé, que envolve a comunidade escolar por iniciativa do Serviço Diocesano da Pastoral Escolar, quase sempre no sábado da quarta semana da Quaresma. “A Romaria Escolar, a exemplo das romarias quaresmais, vieram para ficar. Este ano temos alunos de várias escolas, que vieram pela primeira vez e que são mais novos do que o habitual” referiu ao Sítio Igreja Açores, Bento Aguiar, sub-diretor do Serviço Diocesano da Pastoral Escola, entidade organizadora desta romaria, que este ano se realiza pela 21ª vez, com o mote “Peregrinos na Esperança”. “O papel dos professores, sobretudo de Educação Moral e Religiosa Católica, é fundamental. São eles que estão na base da divulgação, da sensibilização e até da preparação da romaria dado que o tema da Quaresma é um dos conteúdos programáticos da disciplina. Sem este empenho não seria possível realizar esta romaria e registamos com agrado, que além dos alunos também os professores já estejam aqui presentes”, afirmou ainda o dirigente que preparou a Romaria Escolar entre a Escola Secundária das Laranjeiras e o Santuário do Senhor Santo Cristo, igreja jubilar da ilha, passando pela Fajã de Baixo, Fajã de Cima, Arrifes, Relva, Santa Clara e São José. “O envolvimento da comunidade educativa é fundamental” refere o docente. “É uma romaria diferente das outras que os ranchos fazem, mas ao longo do dia passam-se todas as etapas de uma romaria, com muitos sentimentos, vivências e partilhas que nos levam à verdadeira romaria interior, de encontro connosco e com Deus. Eles (os jovens) não precisam de tanto tempo como nós para se entregarem e isso é muito gratificante”, refere Raúl Medeiros,
mestre´do rancho de romeiros da Pastoral Escolar.
Raúl Medeiros é o Procurador das Almas do rancho de Romeiros de São Pedro, de Ponta Delgada e já não é a primeira vez que orienta este grupo.
“Eles são muito genuínos na sua maneira de ser e de comunicar e isso leva-os ao essencial da romaria. Chega a ser comovente e tocante a maneira como eles se portam durante a romaria: na saída há muito poucos pedidos, mas ao fim da segunda ou terceira paragem, mudam e ninguém pede por si” refere.
“À porta da Igreja quando me pedem é muito difícil fazer a oração com eles; é muito comovente ver crianças a passar por dificuldades tão grandes quantas as que estão na base dos pedidos e que por detrás dos seus sorrisos não conseguimos imaginar” acrescenta.
“Muitas estão a viver situações muito duras como doenças, dificuldades, violência mas em vez de se questionarem porque é que isso lhes está acontecer pedem a Deus que as ajude . Esta é uma transformação brutal e eles revelam uma maturidade incrível, porque esta transformação é o essencial da romaria. A forma como olham Deus não como castigador mas como alguém a quem confiam a sua dor é muito comovente”, conclui o romeiro.
A Romaria Escolar começou em 2002 com um desafio, “certamente colocado pelo Altíssimo” a uma turma de desporto, na Escola Secundária das Laranjeiras. Gabriela Canotilho, foi uma das percursoras desta organização, juntamente com o marido, também ele docente de Educação Física.
“A escola somos todos nós e a escola é o que cada comunidade educativa quiser. Se nós temos esta tradição, não sei porque haveremos de ter vergonha. De a viver e de a celebrar. Nós estamos a rezar uns pelos outros, estamos a fazer o bem e, por isso, esta romaria tem muito sentido” refere a docente que continua a participar na Romaria Escolar.
“Este ano estou muito feliz porque temos muitos jovens, muitos alunos. Isto está a tocá-los e espero que os toque para serem luz nas suas escolas” salienta lembrando que há alunos de várias escolas da ilha de São Miguel.
“Apelo aos irmãos romeiros que durante a romaria passam por escolas que ali entrem e façam o seu descanso. É muito bom para todos” afirmou salientando a experiência que teve esta semana na Escola das Laranjeiras com a presença dos Irmãos romeiros do Rancho de Nossa Senhora da Estrela, da Ribeira Grande.
Lara Medeiros e Doriana Cabral vieram do Faial da Terra, porque a “professora de Educação Moral e religiosa Católica” as incentivou.
“Está a ser uma experiência incrível e espero voltar”, diz Lara, no que é secundada pela amiga Doriana.
“Vim para me aproximar de Deus e acho que estou a conseguir através da oração, por mim, pelos meus familiares e por todos os que estão próximos de mim”, disse.
Joana Medeiros, a professora da Povoação e Furnas que as trouxe à Romaria, salienta que participar “numa caminhada de fé e de esperança, com a possibilidade de encontrar outras pessoas a quem se unem na oração é muito gratificante”.
Martim Morais, da Secundária Domingos Rebelo, em Ponta Delgada, há cinco anos que faz a romaria.
“É uma oportunidade de confraternização mas sobretudo de reflexão sobre a nossa vida. Nós rezamos, eu rezo pelos que já partiram para que descansem em paz.”
Mas, este ano, sente-se um verdadeiro “Peregrino na Esperança”, de que “as tensões que o mundo vive possam ser aliviadas”.
A XXI Romaria Escolar terminou na Igreja Jubilar de São Miguel com uma eucaristia presidida pelo diretor do Serviço Diocesano da Pastoral Escolar, cónego Adriano Borges.