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Casa para casar

Dizem que na Roma Antiga o casamento era evitado se o homem não tivesse, previamente, casa assegurada.
Voltamos agora a esses tempos, com os jovens a ficarem cada vez mais tempo em casa dos pais e sem vontade de casar porque não é possível conseguir uma habitação a preços condizentes com o salário de cada um.
O parlamento regional discutiu esta semana o problema da habitação e a conclusão a que chegamos é que nenhuma força política, nenhum deputado, nem o governo, têm soluções razoáveis e eficazes para resolver um problema que se arrasta há dezenas de anos.
Uns querem ir ao extremo de suspender ordenamentos de territórios e outros acham que atirar dinheiro dos fundos comunitários para cima do problema, ele resolve-se por si próprio.
Mesmo que houvesse dinheiro a rodos para o sector (que é capaz de haver), dificilmente se arranjaria mão de obra para construir casas nestas ilhas, ainda por cima com políticas públicas nesta matéria concentradas em apenas duas ilhas (depois queixam-se da desertificação nas outras).
Ainda agora o INE veio dizer que os custos de construção de habitação nova aumentaram 3,1% em Fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado, influenciados quase exclusivamente pelo aumento do custo da mão-de-obra e dos materiais.
Também o Eurostat veio dizer que os preços da habitação aumentaram, no quarto trimestre de 2024, 4,2% na zona euro e 4,9% na União Europeia (UE), com Portugal a registar a terceira maior subida (11,6%), face ao período homólogo.
Se é assim em mercados abertos e com a dimensão que se conhece na Europa, imagine-se num território geográfico como o nosso, com pouca mão de obra e onde os materiais chegam a preços absurdos.
O que faz ainda mais impressão nesta história da habitação nos Açores – como aqui já alertamos -, é ver governo e autarquias a construirem novos lotes e novas casas, deixando ao abandono as moradias inabitadas nos centros das freguesias, que parecem localidades fantasmas.
Pior do que isso, são os poderes públicos incentivarem a nova construção em doses concentradas, sem criarem os necessários equipamentos sociais para responder às novas populações, como acessibilidades, creches para as crianças ou ocupação para os idosos.
Há por aí algumas freguesias que aumentaram para o dobro a sua população na última década e os poderes públicos fazem que não vêem, ignorando os investimentos que isto acarreta para qualquer comunidade que cresce.
Nesta história da Habitação há muita falta de vontade dos poderes, mas também de competências e de orientação organizada.
Tudo decorre conforme quem tem mais influência nos corredores dos decisores e no número de vezes que se bate nas costas, com assumida reverência, dos líderes.
Podem atirar culpas ao Alojamento Local, à inflação, aos bancos, aos terrenos, que a história já não pega.
É tudo uma questão de vontades e acerto.
Nem sequer é de dinheiro.

Osvaldo Cabral
[email protected]

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