Nas comunicações entre as controladores aéreos e pilotos são transmitidas informações: o METAR (METeorological Aerodrome Report) que fornece informações sobre as condições meteorológicas atuais, como direção e velocidade do vento, visibilidade, nuvens, temperatura, ponto de orvalho e pressão atmosférica.
No caso concreto do Pico, tem uma Torre de Controlo de Aproximação (CTA) coordenada pela Horta que indica o rumo e autoriza procedimentos, rotas e manobras, enquanto que Torre do Pico dá informação (AFIS) do tempo já na fase final de aproximação, aterragem e descolagem.
Existe um outro tipo de relatório aeronáutico, o TAF (Terminal Aerodrome Forecast) que indica a previsão do tempo para um aeródromo, geralmente válido para um período de 8 horas. Este relatório é crucial para a segurança e planeamento das operações aéreas, fornecendo informações sobre visibilidade, condições de nuvens, vento e outras condições meteorológicas relevantes. Contudo este tipo de relatório não está disponível para o Aeroporto do Pico, sendo utilizado o do Faial que é o único disponível. Tendo em conta as localizações das pistas e realidade operacional, este TAF muitas vezes não prevê a situação particular do Pico.
As previsões do TAF do Faial indicavam melhoria com o vento a rodar de sudoeste para oeste a partir das 11h, mas prevalência de nevoeiros e tetos baixos. Contudo, o tempo até antecipou um pouco, pelas 10h no Metar do Faial o vento já estava de oeste, mas mantinha-se os tetos baixos e depois às 10h30 no Pico, o vento rodou para oeste.
O voo S4141 de Lisboa tinha aterragem prevista para as 09h40, mas devido ao vento no Pico e tetos baixos no Faial acabou por divergir para São Miguel.
Tempo no Pico:
METAR LPPI 230930Z 22019G32KT 9000 -RA FEW010 SCT014 BKN017 18/16 Q1021 RMK WIND RWY09 22019KT RWY27 23021KT
METAR LPPI 231000Z 22017G29KT 9999 -SHRA SCT008 BKN012 18/16 Q1020 RMK WIND RWY09 22018KT RWY27 22021G35KT
(Divergência para Ponta Delgada 09:50)
METAR LPPI 231030Z 25016KT 6000 -RA SCT008 BKN012 16/15 Q1021 RMK WIND RWY09 24014KT RWY27 25017KT
Por isso, se o Pico tivesse um TAF disponível a SATA Azores Airlines poderia ter ajustado a saída de Lisboa em 1h30 a 2h para mais tarde e já teria rodado o vento para oeste e evitado esta divergência e gastos. Tal como já o fez aquando da passagem de uma tempestade pelos Açores em que um voo Lisboa-Horta foi atrasado 5h para conseguir operar no próprio dia.
Apesar de tudo as dimensões reduzidas da pista continuam a ser uma grande limitação na operação do A320 e na sua performance. Além disso, o novo A320neo ainda tem mais restrições de peso para operar as rotas do Faial e Pico, por isso nunca mais voltou.
Uns 30 minutos antes tinha operado o Dash 400 inter-ilhas de São Miguel para o Pico.
Mais tarde, pelas 12h35, o A320 voltou de novo ao Pico e prosseguiu normalmente a sua viagem para Lisboa.
Esta situação reforça a necessidade urgente da ampliação da pista do Aeroporto do Pico em 700m para reduzir significativamente as restrições de performance das aeronaves A320ceo, criar condições para a operação das aeronaves A320neo, bem como criar margem adicional de manobra em caso de condições meteorológicas mais adversas.
Os serviços meteorológicos do Aeroporto do Pico devem ser dotados de TAF, pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) para estarem melhor habilitados a fornecer informação/previsão mais fidedigna.
Por Grupo
Aeroporto do Pico
(GAPix)