Turismo representa já 20% dos Valor Acrescentado Bruto, 17% do PIB e 17% do emprego nos Açores, destaca Berta Cabral
Na Ilha do Porto Santo, Madeira, decorrem as III Jornadas Atlânticas de Turismo. A par das duas edições anteriores, primeiramente nas Velas, em São Jorge (2023), e Ilha do Sal, Cabo Verde (2024), este ano, e durante dois dias – termina hoje . estão a ser debatidos temas importantes e inerentes aos três Arquipélagos, ligados ao Sector do Turismo, nomeadamente a Sazonalidade, Animação Turística e a Comunicação no Destino.
São vários os intervenientes convidados para os painéis em debate, sendo que a sessão de abertura do evento contou além dos presidentes dos três municípios, com a presença da Secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas dos Açores, Berta Cabral, e do Secretário Regional de Equipamentos e Infraestruturas da Madeira, Pedro Rodrigues.
A Secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas defendeu na ocasião que os arquipélagos da Madeira, Açores e Cabo Verde “são exemplo da forma como o Atlântico pode moldar não só as paisagens, mas também a identidade e o carácter das suas gentes”.
A governante manifestou “orgulho e entusiasmo por ver os Açores associados, através do município das Velas, a este movimento de valorização do turismo na Macaronésia, patrocinado também pelos municípios de Porto Santo e do Sal. Esta é uma rede de territórios com muito em comum, que deve ser projetada no seu todo e afirmar-se como uma oferta diferenciadora no contexto internacional”.
“Açores, Madeira e Cabo Verde partilham inúmeros pontos de contacto: insularidade; origem vulcânica; riqueza e diversidade paisagística; tradições culturais; e uma história marcada por desafios idênticos, superados pela resiliência e pela alma dos nossos povos. Estes elementos, aliados à autenticidade das nossas comunidades e à forma como soubemos preservar os nossos recursos, conferem à Macaronésia um caráter singular e um potencial turístico inigualável”, adiantou.
Segundo Berta Cabral, “o desenvolvimento do turismo em ilhas remotas e de pequena dimensão comporta dificuldades acrescidas: maior dependência das acessibilidades externas; vulnerabilidade às alterações climáticas; fragilidade das economias locais; e limitações infraestruturais”.
Mas sublinhou: “são estas especificidades que nos tornam territórios tão únicos e tão desejados por quem procura experiências autênticas, envolventes e sustentáveis”. E prosseguiu: “É essa visão de sustentabilidade que tem norteado o turismo dos Açores nos últimos anos e que nos levou a alcançar, em 2024, o Nível Ouro na certificação como «Destino Sustentável» da EarthCheck – somos o primeiro arquipélago do mundo com esta distinção. Recebemos ainda os galardões de «Melhor Destino de Turismo de Aventura do Mundo», pelo segundo ano consecutivo, e de «Melhor Destino de Aventura da Europa», pela quarta vez em cinco anos”.
A Secretária Regional da tutela adiantou que estes reconhecimentos são a consequência natural de políticas acertadas, de um trabalho consistente e exigente, feito com base numa visão clara de desenvolvimento sustentado, com resultados evidentes: em 2024, os Açores ultrapassaram os 4,2 milhões de dormidas (+12,4% face a 2023) e superaram os 200 milhões de euros de proveitos na hotelaria e no alojamento turístico, com um crescimento de cerca de 19%.
Com o turismo a representar já cerca de 20% do Valor Acrescentado Bruto da Região, 17% do PIB e 17% do emprego, Berta Cabral sublinhou que este sector se assume, cada vez mais, como um verdadeiro motor da nossa economia, com um efeito transversal e multiplicador em todos os outros sectores económicos.
Todavia, sublinhou, “mais importante do que crescer muito, é crescer bem”
“É por isso que nos orgulhamos de dizer que estamos a crescer mais em valor e qualidade do que em quantidade. Estamos a promover um crescimento qualitativo e de impacto positivo para projetar um desenvolvimento turístico que se distribui de forma equilibrada por todas as ilhas e ao longo de todo o ano”, declarou.
Foi neste sentido que o Governo do Açores assumiu como o desígnio estratégico fundamental “turismo todo o ano e em todas as ilhas”.
Para Berta Cabral, a mitigação da sazonalidade e a dispersão dos fluxos turísticos não são apenas metas logísticas, mas sim “exigências sociais e territoriais de um desenvolvimento mais justo para as comunidades. Este caminho exige a qualificação da oferta e das pessoas”, até porque a qualidade da experiência turística depende da qualidade dos serviços, dos produtos e, sobretudo, dos profissionais. “Os guias, os animadores turísticos, os empresários locais, são peças-chave na construção do valor turístico de um destino e da construção da sua imagem exterior. São eles que dão rosto, voz e emoção às experiências que os visitantes levam consigo. São eles os verdadeiros embaixadores da nossa hospitalidade e do nosso modo de vida”, frisou.
Nos Açores, existem hoje mais de 590 empresas licenciadas de animação turística, o dobro das registadas em 2015.
Berta Cabral aproveitou a oportunidade para destacar a Rede Regional de Percursos Pedestres como um dos produtos mais emblemáticos do turismo de natureza nos Açores: são mais de 800
quilómetros de trilhos homologados, em constante expansão, que permitem aos visitantes explorar paisagens deslumbrantes e conectar-se com as comunidades locais.
A governante referiu-se também ao projeto “Rotas Açores – Itinerários Culturais e Paisagísticos”, que representa uma aposta estratégica na valorização da identidade coletiva açoriana.
“Com itinerários que incluem a Rota da Baleação, a Rota das Vinhas, a Rota dos Vulcões, e, brevemente, a Rota das Explorações Marítimas e a Rota Industrial, pretendemos mostrar ao mundo a riqueza e diversidade da cultura açoriana, com temas que se cruzam igualmente com os demais territórios da Macaronésia”, disse.
A finalizar a sua intervenção, a Secretária Regional referiu que eventos como estas Jornadas Atlânticas de Turismo são essenciais, porque “são momentos de partilha, de aprendizagem e de construção de pontes entre territórios, que sozinhos são deslumbrantes, mas em conjunto são uma força turística”.
“E é isso que espero. Que daqui possam surgir sinergias, projectos conjuntos e o reforço de redes de colaboração entre os nossos arquipélagos, capazes de tornar a Macaronésia num destino “per se” – uma oferta única no mundo, onde o Atlântico se cruza com a diversidade cultural e natural dos nossos povos”, concluiu. Recorde-se que as Jornadas Atlânticas de Turismo decorrem no âmbito da Geminação entre Velas e os Municípios do sal (Cabo Verde) e Porto Santo (Madeira). Além de servirem como espaço privilegiado de debate, intercâmbios, trocas e partilhas em diferentes domínios, haverá ainda vários momentos de animação cultural, promovendo assim estes três Arquipélagos, mais concretamente dos três municípios envolvidos.