Jorge Mario Bergoglio, mais conhecido por “Papa Francisco”, herdou do seu pai o amor pelas cores do Clube Atlético de San Lorenzo de Almagro pelo facto do pai ser jogador de basquetebol do clube. O clube foi fundado pelo padre Lorenjo Massa em 1908. Os seus adeptos são conhecidos como “corvos” devido à batina preta do seu fundador. Todos os domingos ía com o pai ver os jogos de futebol que se realizavam no estádio do clube argentino o “Gasómetro” situado na Avenida La Plata. Com apenas 9 anos de idade (1946) Jorge Mario ficou maravilhado com o jogo avassalador da equipa azulgrana, denominada o “Ciclone” que veio a conquistar o campeonato argentino após uma época histórica. Ali pontificavam jogadores como René Pontoni, Armando Farro e Rinaldo Martim. A recordação daquela equipa foi tal que, 60 anos depois, Jorge Bergoglio ainda era capaz de recitar de memória os nomes dos jogadores da então equipa do San Lorenzo de Almagro.Com o decorrer do tempo Francisco manteve um estreito vínculo com o San Lorenzo. Quando foi nomeado Arcebispo de Buenos Aires passou a realizar missas na capela do clube (1 de abril), data do aniversário da sua fundação, assim como na cidade olímpica de onde podia ver o Gasómetro. Mas isso não era suficiente e, em 2008, decidiu tornar-se definitivamente sócio do clube. Casualidade ou não, em 2014, a 10 meses de ser nomeado pontífice, a equipa de San Lorenzo conquistou a sua primeira Copa dos Libertadores da América ao vencer por 2-1 a formação do Nacional do Paraguai. Naquela altura Francisco afirmou que o San Lorenzo de Almagro fazia parte da sua identidade desportiva e cultural.
O actual presidente do San Lorenzo de Almagro, Marcelo Moretti, quando foi eleito presidente do clube recebeu uma mensagem do Papa Francisco de congratulação e um convite para ser recebido na residência de Santa Marta no Vaticano. Assim, em representação institucional, Marcelo Moretti esteve no Vaticano e entregou ao Papa Francisco diversas ofertas do clube de San Lorenzo e solicitou uma assinatura na camisola do clube. Nessa ocasião o lider do San Lorenzo pediu autorização para dar o nome de “Papa Francisco” ao novo estádio que vai ser construído no bairro do Boedo. O pedido foi aceite com grande emoção por parte do Papa Francisco. Por sua vez a camisola do clube assinada por Francisco vai ser colocada num lugar de destaque, quer dizer, no hall principal do futuro estádio.
Entretanto, numa entrevista à televisão italiana (RAI), Francisco foi questionado sobre quem era o melhor futebolista de todos os tempos. Instado a escolher entre os seus compatriotas Diego Maradona e Lionel Messi, vencedores do Campeonato do Mundo em diferentes ocasiões, respondeu de forma inesperada: Pelé. Antes de ser Papa conheceu o campeão brasileiro, católico devoto e tricampeão mundial. Enquanto Papa recebeu Maradona e Messi no Vaticano. Maradona era um futebolista fantástico mas como homem falhou. Era adorado por pessoas que, na fase difícil da sua vida não o ajudaram. Messi era muito correcto e um cavalheiro. Mas para Francisco, dos três, o grande Senhor foi Pelé. Aquando de uma homenagem a Pelé, no Rio de Janeiro, após a sua morte, foi lida uma mensagem enviada por Francisco que dizia que as virtudes do desporto como a perseverança, a estabilidade e a moderação fazem parte das virtudes cristãs. Pelé, foi sem dúvida, um atleta que manifestou essas qualidades durante a sua vida.
O Papa Francisco apesar de ser um grande apaixonado pelo futebol não assistiu a nenhum jogo na televisão do último campeonato do mundo. Disse que evitava ver televisão por causa de uma promessa que fez a Nossa Senhora do Carmo. A rádio foi a maneira de se manter actualizado e de ouvir os relatos dos jogos até se mudar para Roma. No Vaticano, os membros da Guarda Suiça, que cuidavam da sua segurança, informavam-no dos resultados do San Lorenzo e da seleção da Argentina. Apesar de ser um entusiasta do jogo de futebol, critica o fanatismo e a violência que por vezes o ensombra. O Papa Francisco exortou os jogadores profissionais a mostrarem humildade e recordarem sempre as suas raízes. Não se esqueçam de onde vieram, aqueles campos onde começaram, aquele lugar de oração, aquele pequeno clube.
Eduardo Monteiro