Foi convencionado no pós-guerra, entre os vencedores e por influência primordial dos EUA, que o mundo iria passar a ser diferente. A paz seria imposta através dos mais diversos acordos de desenvolvimento. As economias do Ocidente iriam prosperar sob a batuta americana e os negócios iriam fluir como água nos rios, por todo o lado e entre todos (ou quase). Posteriormente, o Plano Marshall «… proposto pelo então Secretário de Estado dos EUA, George Marshall em 1947, visava conter o avanço do comunismo na Europa, promover a estabilidade política e económica e facilitar a recuperação das nações devastadas pela guerra…». O seu nome oficial era Programa de Recuperação Europeia. Os países mais devastados pela guerra, foram assim ajudados a reconstruir-se e nesse esforço, ou através dele, as economias renasceram pujantes por toda a Europa que direta e indiretamente beneficiaram deste plano. Mas como não há bela sem senão… os Estados Unidos da América do Norte impunham condições políticas e ideológicas, num contexto de pavor anticomunista, ajudando a instalar governos segundo as suas diretivas. Foram muitos os países que não usufruíram deste plano, por fazerem parte da então URSS (União Soviética). Desde então que o mundo ocidental vive segundo os USA e já lá vão 80 anos.
As euforias comercial, económica, financeira e outras, geraram riquezas que, por sua vez, despertaram egoísmos, ambições e resvalos. Eleições classificadas como ‘livres e democráticas’ soam agora a falsas liberdades cada vez mais limitadas. Com o passar dos tempos, as regras apertaram e os controlos sociais deram azo a manipulações políticas e sociais. Os povos com cada vez maior educação e conhecimento, começaram a abrir os olhos e a protestar contra excessos dos poderes políticos, cuja prática começou a desbaratar os ideais prometidos inicialmente.
Chegados aos dias de hoje, neste ano de 2025 d.C., temos várias guerras a decorrer no planeta e nenhuma delas sem o aval e dedo dos EUA. Há outras forças, interesses e países envolvidos mas, a jurisdição bélica é sempre americana.
Estarão os povos cansados dos desvios constantes das virtudes republicanas; Dos abusos de poder, das manipulações sociais, dos contornos desonestos dos dinheiros públicos, da formatação das massas através das redes digitais para as submeter às vontades predominantes; Do uso exagerado de retórica repetitiva que já não cola nem engana ninguém; Das tentativas de moldar os povos numa persistente vertigem de cega obediência, atropelando flagrantemente os ideais democráticos e tornando-os meras utopias?
Será que os povos atingiram o limite da paciência cívica?
Será que passados 80 anos desta ordem mundial, muitos dos seus conceitos estejam obsoletos? Desgastados? Ou terão os povos atingido o clímax do cansaço e saturação de políticos desobedientes ao mandato para que são eleitos?
José Soares