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Zero Desperdício já apoia mais de uma centena de famílias carenciadas espalhadas por sete freguesias da malha urbana de Ponta Delgada

A par do apoio a famílias e a instituições, a Zero Desperdício também apoia pessoas na
condição de sem-abrigo em Ponta Delgada que recebem os alimentos através da Casa dos
Manaias. O Programa que tem apoio da Câmara de Ponta Delgada, que reporta os número à
Associação nacional, e da Junta de São Pedro não faz mais porque não tem mais recursos…

São cada vez mais as famílias carenciadas que procuram apoio alimentar, assim como o número de pessoas em situação de sem-abrigo. No espaço de seis meses, o programa “Zero Desperdício” passou o apoio de 71 famílias para 123 famílias da malha urbana do concelho de Ponta Delgada. Leonor Anahory, Coordenadora do programa, que trabalha com a equipa permanente de assistência – Arnaldo Machado, Carlos Coelho e Leonor Borges -, diz que do total de famílias há 46 que recebem todos os dias os alimentos confecionados e recebem-nos porta-a-porta e as restantes vão buscar à sede do Zero Desperdício, que são, por norma duas vezes por semana, mas se houver grandes quantidades de alimentos secos, esta entrega pode ser feia três vezes na semana.
“As pessoas que não têm condições para levantarem as suas refeições são mesmo porque não t~em condições, umas porque já têm uma idade avançada, outros são avós que têm os netos, outros porque têm algumas doenças (…)”. Enfim, um sem número de situações que faz com que o Zero Desperdício tenha de atender às suas particularidades “porque são pessoas mesmo necessitadas”, sublinha a coordenadora. O número de freguesias que o programa atendia também teve de ser alargado, e cobre Fajã de Baixo, São Pedro, São Sebastião, Santa Clara, São Roque e pontualmente chega aos Arrifes e Fajã de Cima. O facto de não haver porta-a-porta para todos é porque “não há recursos disponíveis, tanto humanos, porque vivemos dos voluntariados, e consumíveis, como o combustível e manutenção das viaturas”.
A Zero Desperdício, para além da equipa coordenadora, tem cinquenta voluntários, três motoristas (dois trabalham por turnos, um é assegurado pela Junta de freguesia de São Pedro aos feriados e sábados, e aos domingos a condução é assegurada pelos voluntários) promovem a recolha diária de centenas de quilos de alimentos, secos (padaria e pastelaria) e confecionados (sopas, estufados, assados, entre outros), mas também em cru (carne, peixe, frutas e legumes) para distribuir pelas famílias do concelho de Ponta Delgada.
Nestas freguesias – com excepção de São Roque que tem um espaço de recolha e distribuição directa -, a entrega é feita de forma personalizada em cada casa e há oportunidade de os voluntários, que têm uma boa relação com as pessoas que recebem apoio, perceberem também as suas necessidades e carências. Leonor Anahory, tal como já tem tido, foram detectadas famílias em que não era possível dar alimentos para confecionar porque não tinham frigorifico, outros não podiam receber alimentos confecionados porque não tinham onde aquecer, outros não tinham armários para guardar a comida. Só mês passado foram recolhidas 12 toneladas de alimentos.
O apoio diário a instituições, com secos, à Cozinha Económica – mas também legumes frescos para a confecção de sopa para entrega às famílias -. ao Centro de Convívio de Idosos de São pedro, à Casa dos Manaias, que depois faz a redistribuição, em parceria com a Câmara Municipal de Ponta Delgada, pelos centros de convívio dos Mosteiros, da Várzea, do Livramento, São Sebastião, Santa Clara, Lajedo (Sáo José). Contudo, não só famílias e instituições que recebem alimentos. Também as pessoas em situação de sem-abrigo, num total de 55, também conta com a ajuda do ‘Zero Desperdício’ no fim-de-semana.
Ainda através da Casa dos Manaias, a Zero Desperdício dá um apoio diário garantido aos pequenos almoços e lanches para 25 pessoas que frequentam esta instituição e uma vez por semana são entregues alimentos para que a Casa dos Manais faça cabazes e entregue à Associação Amor Azul e à equipa de rua da Associação Novo Dia, cuja sopa é feita na Cozinha Económica.
Duas vezes por semana a Zero Desperdício também se encarrega de entregar alimentos a duas casas de transição onde estão pessoas que estiveram na Casa de Saúde São Miguel, mas que agora já tiveram alta e têm autonomia para confeccionar as suas próprias refeições, como nos relataa Leonor Anahory.
“Felizmente, temos conseguido dar resposta às necessidades com ajuda de várias instituições e dos nossos dadores, num total de 24, mas também há fortes apoios comunitários que confecionam para nós para entregarmos às famílias, mas que não querem ver os seus nomes divulgados”. Para poderem ajudar quem está mais carenciado é feita recolha em todo os pontos de pronto-a-comer. Há uma listagem de doadores, escalonados por dias, que oferecem os alimentos confeccionados. Mas também há doadores que mesmo em dias não escalonados telefonam para que possam ser recolhidas sobras de buffets ou de grandes festas. “A oferta de comida oscila. Há restaurantes que por vezes fazem sopa de propósito para nos dar, o que é muito bom”, regista.
Para além dos restaurantes, a coordenadora diz que “também temos o grande apoio do Modelo/Continente que suporta bastante o nosso dia-a-dia, mas também de outras associações que querem manter-se no anonimato”.
Leonor Anhory garante que todo o trabalho que é desenvolvido pelos voluntários “é pesado, mas é de exaltar. Este voluntariado é nossa força e tem uma consciência social elevada” e a Zero Desperdício conta com personalidades que desempenham altos cargos em empresas de renome, chefias da administração pública regional, e que dão um pouco do seu tempo para ajudar quem mais precisa, mas que querem estar no anonimato. “Fazemos o que podemos para dar reposta, mas tenho de realçar a importância dos voluntários e dos doadores, sendo de realçar a relação de proximidade que há com alguns doadores, em que temos reuniões para que haja uma melhor gestão e aproveitamentos do excedente alimentar. Hoje em dia há uma relação mais afectuosa entre os nossos voluntários e os dadores”.
O programa “Zero Desperdício” está no terreno em São Miguel, mais concretamente em Ponta Delgada, desde 2015, altura em que a Câmara Municipal de Ponta Delgada assinou o protocolo com a Associação Dar e Acordar. Em simultâneo a Associação Sénior de São Miguel assinou uma declaração de adesão e ficando como entidade gestora do projecto.
Há uma escala diária dos voluntários. Depois, de manhã o serviço começa pelas 9h00 em que os voluntários colocam os alimentos nas respectivas caixas e com os devidos códigos, porque as famílias que precisam não têm os seus nomes revelados por uma questão de preservação de identidades. Claro que, como diz Leonor Anahory, “temos referências das pessoas porque elas são sinalizadas pelos serviços sociais.
A “Zero Desperdício” não faz mais porque os seus recursos já estão no limite e vive da boa vontade do voluntariado e dos empresários, assim como de benfeitores anónimos.

Por: Nélia Câmara

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