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Um Grito de Revolta ou a Revolução Silenciosa

“As elites políticas em Portugal não têm sabido interpretar e dar solução para o que as separa das populações e dos seus anseios e preocupações. Tudo isto está a acontecer de forma silenciosa.”

Agora que, finalmente, foram contabilizados todos os votos com a contagem dos círculos da emigração é que, verdadeiramente, podemos fazer o balanço final dos resultados das legislativas de 18 de maio.
A AD sai vitoriosa, reforçando a sua maioria relativa, sendo que o caso SPINUMVIVA (longe de estar esclarecido) se teve algum impacto nestas eleições, não se deu por ele. Mas, na verdade, o grande vitorioso das eleições é, sem dúvida, o CHEGA e André Ventura que passaram de 50 para 60 deputados e tornaram-se a segunda força política, em mandatos, na Assembleia da República.
Pedro Nuno Santos e o PS são os grandes derrotados, passando para terceira força política, perdendo 20 deputados e mais de 370.000 votos.
O Bloco de Esquerda passou de 5 para 1 deputado e o PCP de 4 para 3. Outrora, o CDS chegou a ser chamado o “Partido do Táxi”, pois agora um táxi pode carregar com todos os deputados do PCP e do Bloco de Esquerda.
O PAN, por seu lado, manteve a mesma votação com apenas uma deputada eleita.
A INICIATIVA LIBERAL e o LIVRE também têm um ligeiro aumento, de 1 e 2 deputados, respetivamente.
As razões para estes resultados são várias e de geometria variável e revelam alguns sinais interessantes. Primeiro, os portugueses avaliaram positivamente o curto governo de Montenegro, apesar de não ter tido qualquer rasgo ou ímpeto reformista.
O Orçamento do Estado foi um autêntico leilão, limitando-se a alimentar corporações e grupos de interesse, com a distribuição de cheques avulsos, permitindo ao PSD consolidar e aumentar o seu exército eleitoral.
Por outro lado, estas eleições demonstram uma rejeição sem precedentes do socialismo e da extrema-esquerda. Agora, os partidos à direita superam os 2/3 dos deputados do Parlamento (160 em 230 deputados).
O CHEGA, que aumentou mais quase 300.000 votos em relação às legislativas de 2024, tem agora mais de 1.400.000 votos, tendo sido o partido que mais subiu em número de votantes. É sobre esse fenómeno que se impõem algumas reflexões e explicações. Como é sabido, o CHEGA, apesar deste score, ainda não fez parte de qualquer executivo, quer nacional, regional e autárquico.
E como sabemos, é o poder executivo que tem capacidade de distribuir benesses, privilégios e regalias. Como se explica esta votação massiva no Chega por todo o país, este autêntico grito de revolta?
Em primeiro lugar, resulta do líder André Ventura, que, de forma inteligente, carismática e astuta, tem explorado as debilidades dos partidos que alternaram no poder em Portugal que formam um bloco central de interesses (veja-se os casos recentes das gémeas e da eleição de Costa para Presidente do Conselho Europeu).
E isto assenta em meia dúzia de ideias que foram abandonadas pelos sucessivos executivos que defraudaram as legítimas expectativas dos portugueses, principalmente os do PS.
Problemas como a saúde, habitação, segurança, justiça, educação, transportes, etc., têm-se agravado sem soluções à vista. André Ventura tem vindo a alertar para a monstruosidade do Estado e dos seus tentáculos, onde impera a corrupção e o compadrio que resultam num grande desperdício de recursos.
Também tem vindo a falar nas questões da segurança e no controlo apertado da imigração que foi um caos nos governos de Costa, permitindo um descontrolo e o colapso das fronteiras. Por outro lado, fala também na reforma da justiça. Tudo isto articulado com um discurso nacionalista e patriótico que toca cada vez mais os portugueses.
Este quadro possibilitou que até os eleitores e as classes que votavam à esquerda e nos partidos do sistema encontrassem refúgio no CHEGA, pois foram abandonados e desprezados por aqueles.
As elites políticas em Portugal não têm sabido interpretar e dar solução para o que as separa das populações e dos seus anseios e preocupações. Tudo isto está a acontecer de forma silenciosa.
Mais uma vez, a opinião pública não coincide com a opinião publicada, porque verificamos, quer antes das eleições e mesmo depois, que a Esquerda e os pseudo jornalistas, comentadores e cartilheiros do regime dominam e capturam as televisões e os jornais em Portugal, salvo raras exceções.
Atribuíram a André Ventura a derrota em todos os debates televisivos e não conseguiram disfarçar um ódio patológico ao CHEGA e ao seu dirigente máximo.
Foram divulgadas sondagens que só davam apenas 12% ao CHEGA e muitos comentadores diziam que o CHEGA tinha atingido em 2024 o seu máximo e que, agora, começaria a baixar pelo que seria um caso como o PRD, pois iria desaparecer. Muitos desses cartilheiros deviam ser banidos das redações dos jornais e televisões em Portugal, ou ao menos, retratarem-se e pedirem desculpa pelas alarvidades pronunciadas. Mas, continuam sem vergonha a insultar os eleitores do CHEGA como se fossem ignorantes e gente não recomendável, porque na sua opinião, são racistas, xenófobos, fascistas e nazis.
Esses eleitores só eram decentes quando votavam no PS, PCP (Partido que se intitula campeão do antifascismo, vê agora, milhares dos seus eleitores a votar no Chega), Bloco de Esquerda e CDS/PP. Mas, por mais que custe a muita gente, na verdade, o CHEGA tem eleitores de todas as classes sociais, e até atraiu eleitores abstencionistas, tornando – se um partido com representação e penetração em todo o território nacional.
Estas eleições indiciam também uma possível e contínua irrelevância política do PS em Portugal, podendo acontecer o que se verificou em França e Itália, onde o PS desapareceu. E isto será tanto mais rápido se a AD fizer acordos preferenciais com o PS. Neste caso, a AD ocupará o espaço do PS com a sua ala mais social-democrata, e até de esquerda (Rui Rio chegou a afirmar que o PSD era de Esquerda) que poderá alternar no poder, com um bloco mais à direita liderado pelo CHEGA.

Algumas notas breves sobre os resultados das eleições nos Açores
A AD ganhou, claramente, elegendo 3 dos 5 deputados; o PS e o CHEGA elegem 1 cada, mas o dado relevante é que o CHEGA e o PS ficaram em 2º lugar com um empate técnico.
No entanto, na maior e mais populosa ilha dos Açores, São Miguel, o CHEGA ficou em 2º lugar, a grande distância do PS que ficou em 3º, tendo mesmo ganho em 2 concelhos e em mais de 20 freguesias, ao passo que o PS não ganhou nenhum concelho e apenas ganhou em 4 freguesias, o que suscita um futuro dramático e penoso do PS nos Açores, com o clã César continuamente agarrado ao poder.

Luís Machado Resendes *

  • Advogado
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