Adopção de animais de companhia recolhidos em queda

A adopção de cães e gatos junto dos Centros de Recolha Oficial, vulgo canis ou gatis, da Região, regista valores cada vez menores. Isto mesmo se conclui dos dados em posse do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, I.P. e constantes do Relatório Anual da Actividade dos Centros de Recolha Oficial referente a 2024, da responsabilidade do Departamento de Bem-Estar dos Animais de Companhia.
Se é verdade que o número de animais recolhidos nos Açores também regista uma tendência de diminuição ao longo dos últimos anos, o diferencial face aos cães e gatos que são adoptados não regista uma equiparação positiva ou sequer equivalente.
Tendo por base o espaço temporal 2021-2024, verifica-se o número de animais admitido nos Centros de Recolha Oficial do arquipélago tem vindo quase sempre a decrescer, mesmo se em quantidades não particularmente expressivas. Nos Açores, em 2021, foram recolhidos 2.858 animais domésticos de companhia, enquanto que no ano seguinte, o número baixou para os 2.543 Menos ainda o foram em 2023 (2.141), tendo-se registado no ano passado um a subida marginal, terminando o ano de 2024 com um registo de 2.297 novos animais errantes e/ou abandonados que ficaram à responsabilidades dos Centros de Recolha.
Se sobre tais valores pode aferir-se que, embora indesejado, o fenómeno dos animais domésticos sem lar mantém-se estabilizado, mais assinalável é o cada vez menor interesse demonstrado pela sociedade no resgate de animais institucionalizados. Neste particular, os valores oficiais seguem uma só e continuada tendência, a de queda. Nos Açores, em 2021, 2.104 animais foram resgatados dos canis, em 2022 foram 1.987 os que tiveram a felicidade de serem adoptados e em 2023 já só 1.725 cães e gatos conheceram um novo lar. No ano passado, apenas 1.614 animais recolhidos tiveram uma nova oportunidade na vida.
Entre os recolhidos e os adoptados restam muitos, alguns deles, por motivos de idade e de saúde, não conhecem outras paredes, não obstante a crescente qualidade e abrangência dos serviços prestados nos Centros de Recolha Oficial, sendo a vacinação e a esterilização duas práticas. Em 2024 foram administradas 4.038 vacinas e esterilizados 3.744 animais. Um ano antes, em 2023, haviam sido esterilizados 3.759 gatos e 5.431 vacinas administradas. Também a ter em conta, os animais de companhia recolhidos identificados electronicamente (com chip): 5.734 em 2024.
Um último parâmetro a referir no que aos Açores diz respeito, na questão dos animais de companhia resgatados da rua, institucionalizados em Centros de Recolha Oficial e nunca adoptados: a eutanásia, ou morte clinicamente assistida (provocada). Neste particular, ficam os números: em 2021, 124, em 2022 foi efectuada a eutanásia a 106 animais, em 2023 foram realizadas 114 eutanásias e 117 foram-no no ano passado. Uma evolução extremamente positiva quando comparado com as 1.865 realizadas em 2017!
A nível nacional, os animais de companhia “vadios” são cerca de um milhão, isto de acordo com o primeiro Censo Nacional dos Animais Errantes, divulgados em Maio do ano passado. Agora, conforme conclui o Relatório Anual da Actividade dos Centros de Recolha Oficial referente a 2024 o número de animais que nos Centros deram entrada diminuiu 9,5% no ano passado. Com efeito, os canis municipais receberam 40.850 animais retirados da rua (37.189 no continente, 2.297 nos Açores e 1.364 na Madeira), contra os 45.162 em 2023.
Tal não significa que o abandono tenha, de facto, registado uma queda, já que muitas câmaras municipais não facultaram os seus dados ao ICNF. Todos os Centros de Recolha e serviços equiparados dos Açores forneceram os devidos dados.