O complexo da Verdade
“Nunca entendi o facto de os distritos terem sido distribuídos por Ponta
Delgada, Angra e Horta, em vez de PDL, Angra e São Roque, por exemplo.”
As sucursais insulares dos partidos portugueses que frequentam e se alternam no poder, continuam a mentir com todos os dentes sobre o aeroporto da Ilha do Pico há mais de vinte anos a esta parte.
“O estudo complementar sobre a ampliação da pista do aeroporto da ilha do Pico já foi entregue ao Governo dos Açores. O documento está, agora, a ser analisado pelos técnicos da Secretaria Regional dos Transportes, aguardando-se uma decisão do governo, que deverá ser anunciada em breve. Recorde-se que o executivo de coligação, na sequência dos resultados do estudo prévio, entendeu “que deveria solicitar um estudo com definição planimétrica e altimétrica da pista, com várias configurações/extensões da pista, quer para oeste, quer para leste, ou uma conjugação de ambas, com rotação da pista, que resulte um comprimento de pista à descolagem de 2.345,0m (TORA), que permita que as aeronaves do tipo A321 Neo, A320 Neo, A320 Ceo, B737-900, B737-800 e B737-700 operem sem limitações operacionais ou limitações mínimas”. (fevereiro 2025)
A Ilha do Pico é cerca de duas vezes e meia maior do que a Ilha do Faial. A sua pouca distância desta Ilha, cerca de oito quilómetros, provocou uma interligação económica entre estas duas Ilhas desde os primórdios do povoamento.
A Ilha do Pico é a segunda maior dos Açores em área, a seguir a São Miguel.
Nos dias de hoje, a Ilha do Pico apresenta enormes potencialidades turísticas, estando condenada a ser uma das principais reservas açorianas neste campo. Cerca de 15 mil habitantes habitam o Pico – sensivelmente os mesmos do Faial.
Por outro lado, o facto de estar tão próxima da ilha faialense, tem-lhe trazido dissabores e agruras. A Ilha do Pico é a nossa bebé em termos de idade geológica (270 mil anos).
Nunca entendi o facto de os distritos terem sido distribuídos por Ponta Delgada, Angra e Horta, em vez de PDL, Angra e São Roque, por exemplo. Claro que uma série de interesses contribuíram ao longo dos anos para que a Horta (Faial) tivesse a preferência.
“A 8 de novembro de 2021, José Manuel Bolieiro anunciou o arranque dos trabalhos de ampliação da pista do aeroporto do Pico, com expropriações e definição da servidão aeronáutica para evitar futuras onerações do projeto, considerando o aumento da infraestrutura como um objetivo do Governo Regional.”
“O presidente do Conselho de Ilha fez um balanço do encontro com o executivo regional e insistiu na importância de aumentar a pista do aeroporto, uma reivindicação antiga da classe política e económica do Pico. “A ampliação da pista é uma obra estruturante e de grande importância para a ilha”, alertou Rui Matos, destacando que a intervenção ia permitir potenciar o turismo.”
Acho que estamos evitando ter a coragem de decidir entre o Faial e o Pico, ambas com projetos de alargamento das respetivas pistas dos seus aeroportos. A solução é fácil: Fazer os dois. E a Ilha do Pico, pela sua desenvoltura natural teria, sem dúvida, a prioridade.
A não ser que camuflados interesses se sobreponham, mais uma vez, à natural razão de ser e o receio político de melindrar moscas mais uma vez falhe, na coragem de decidir.
O Faial e o Pico estão ambos a puxar as pontas da corda, com o governo regional no meio, arriscando que a corda rebente e acabe o executivo regional por levar com as pontas em cima.
José Soares