Na sequência da passagem do ciclone tropical Gabrielle pelo arquipélago, o Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA) informou que foram registadas desde as 00h00 de ontem, 26 de Setembro, um total de 196 ocorrências até ao fecho da nossa edição, das quais 136 já se encontram resolvidas.
A maioria das situações reportadas está relacionada com a queda de árvores, queda de estruturas e danos em coberturas.
Na consequência destas situações, registou-se também a necessidade de realojar 16 pessoas (nas ilhas Terceira, São Jorge, Pico, Faial e Graciosa), não havendo, até ao momento do fecho da nossa edição, registo de feridos.
Assim, a situação de alerta declarada através do Despacho n.º 2133-A/2025, de 25 de Setembro de 2025, emitido pelo Secretário Regional do Ambiente e Acção Climática, cessou às 12h00 de 26 de Setembro de 2025.
Prejuízos na agricultura Açoriana
A Federação Agrícola dos Açores (FAA) informou que está a acompanhar com preocupação os efeitos da tempestade pós-tropical Gabrielle.
Apesar da intensidade do fenómeno ter sido inferior ao inicialmente previsto, os prejuízos “registam-se um pouco por todas as ilhas, com destaque para a destruição de culturas, estando ainda a ser apurada a existência de eventuais estragos em infra-estruturas de apoio à actividade agrícola”, revelou.
“A cultura do milho forrageiro foi particularmente afectada, sobretudo nas zonas onde as silagens ainda não tinham sido feitas, tendo os ventos fortes provocado a queda de diversas áreas de cultivo. Esta situação acarreta prejuízos para muitos agricultores”, declarou a FAA.
Apesar de os efeitos da tempestade Gabrielle “não terem sido tão graves como se chegou a temer, dada a alteração de categoria e da sua trajectória, a tempestade vem reforçar a preocupação da FAA quanto à vulnerabilidade do sector agrícola açoriano perante eventos meteorológicos extremos”.
Ainda, a FAA referiu que “a falta de seguros agrícolas continua a ser um problema e deixa os agricultores sem uma rede de protecção, obrigando-os a depender de apoios do Governo Regional”.
A Federação Agrícola dos Açores defende que “é urgente criar um sistema de seguros agrícolas que dê mais segurança aos agricultores e que ajude a compensar perdas como as que agora aconteceram, sem que isso signifique um peso extra para as contas da Região”.
A par desta reivindicação, a FAA relembra que “ainda não foram pagos os apoios referentes a intempéries anteriores, bem como os apoios – a que os produtores se candidataram – à aquisição de sementes de milho e sorgo para o ano de 2024, verbas que se tornam ainda mais urgentes face às perdas agora verificadas”.
Neste contexto, a FAA solicita uma reunião com carácter de urgência ao Secretário Regional da Agricultura e Alimentação, António Ventura.
A Federação realça “a importância de se efectuar um levantamento dos prejuízos por parte dos serviços de desenvolvimento agrário de cada ilha, de forma a contabilizar os danos decorrentes da tempestade pós-tropical Gabrielle”.
“A direcção da Federação compromete-se em continuar em contacto com as suas associadas, no sentido de recolher informação sobre os danos registados, tanto ao nível das culturas como das infra-estruturas de apoio à produção, para que a resposta das entidades competentes possa ser eficaz e ajustada à realidade do terreno”, concluiu.
SATA retoma operações nos Açores
A SATA Air Açores retomou as suas operações às 12h30 de ontem.
Quanto à Azores Airlines, foi possível retomar a operação no Aeroporto de Ponta Delgada a partir das 11h30 de ontem, com a aterragem dos voos de Boston e Nova Iorque.
Em relação à SATA Gestão de Aeródromos foram registados danos na cobertura da aerogare da Graciosa, mas que não impedem a operação aérea.
A SATA “agradece a compreensão dos seus passageiros e o empenho e atitude dos seus trabalhadores na resolução dos constrangimentos registados na operação das companhias da empresa por causa do furacão Gabrielle”, declarou em comunicado.