O Concelho da Ribeira Grande tem sido, ao longo do tempo, pioneiro no setor das energias renováveis nos Açores, desde a década de 1970, quando iniciou a prospecção geotérmica na vertente Norte do Vulcão do Fogo, até à construção, em 1980, da Central Geotérmica Piloto de Pico Vermelho, com uma potência de 3 MW.
Estes investimentos demonstram que a Região tem um compromisso firme com a inovação e a sustentabilidade energética.Hoje, esse esforço continua com força total. A EDA Renováveis anunciou um investimento de 24,5 milhões de euros na revitalização da central da Ribeira Grande. Aproveitando o financiamento comunitário disponível através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), este projeto visa ampliar a capacidade instalada na ilha de São Miguel, com a instalação de 12 MW na Central Geotérmica do Pico Vermelho e 5 MW na Central da Ribeira Grande. No total, estas intervenções irão reforçar, significativamente, a produção de energia limpa na Região, elevando a potência instalada para 17 MW.
Contudo, a transição energética não se limita às centrais geotérmicas. Em 2023, foi anunciada a criação da primeira Comunidade de Energia Renovável (CER) nos Açores, também na Ribeira Grande. Este projeto, apresentado por Alexandre Gaudêncio numa conferência realizada nos Paços do Concelho, contou com um investimento de cerca de 400 mil euros, financiado em 85% pelo programa Açores 2020. A iniciativa visou melhorar a eficiência energética de seis edifícios públicos de grande consumo: o Teatro Ribeira Grandense, o Edifício do Gabinete de Apoio ao Munícipe, as Piscinas Municipais das Poças, a Escola D. Paulo José Tavares, em Rabo de Peixe, a ETAR de Rabo de Peixe e o Estádio Municipal.
A CER foi criada a partir da capacidade fotovoltaica instalada pela Autarquia, com o objetivo de produzir energia renovável nos edifícios públicos, reduzir a fatura energética e valorizar o investimento realizado. O excedente de energia, que não é consumido localmente, pode ser partilhado pelos membros da comunidade, promovendo uma poupança significativa na fatura de energia.
Este é um passo importante, mas é fundamental ir mais longe. Propõe-se a expansão ou a criação de novas CERs voltadas para empresas locais, incluindo pessoas em nome individual, associações e pequenas e médias empresas. A ideia é criar uma rede colaborativa onde os telhados dessas entidades possam ser utilizados para a instalação de painéis solares, beneficiando todos com a partilha da energia produzida. Assim, além de reduzir as emissões de CO2, as empresas poderão diminuir substancialmente os seus custos energéticos (uma vantagem que, segundo cálculos de outras CERs, pode chegar a uma poupança de uma mensalidade e meia por ano).
Por fim, a atração de novas empresas ao Concelho não só reforça a economia local, como também potencializa a criação de postos de trabalho e dinamiza a comunidade. A transição energética é, portanto, uma oportunidade que a Ribeira Grande deve aproveitar com determinação, promovendo um futuro mais sustentável, eficiente e economicamente vantajoso para todos.
VAMOS TODOS APANHAR A ONDA LIBERAL!
César Pimentel *
*Candidato da IL à Câmara Municipal da Ribeira Grande