Edit Template

Quando o óptimo é inimigo do bom – um olhar sobre o perfeccionismo!

Imagine um jogo de escondidas, aquele que consta no arsenal de brincadeiras de qualquer petiz. Imagine, agora, alguém a jogá-lo sozinho, escondendo o olhar enquanto conta várias dezenas de números até um total imaginário definido por si mesmo. Imagine a forma como a pessoa, terminada a lenta contagem que sussurrava, se esforçaria por encontrar os restantes companheiros de brincadeira que, com certeza, teriam encontrado super-esconderijos que os tornariam imperceptíveis a qualquer olho de lince mais atento.
Imagine a frustração, a irritação, o sentimento de impotência, enquanto aumentava os seus níveis de esforço e de empenho na busca dos companheiros de brincadeira, ávido da procura de uma solução, do término do jogo, de uma forma inglória, face à sua experiência solitária. Ávido de um epílogo lógico para o seu esforço de conclusão, para a sua necessidade de “fechar o círculo”, de concretizar uma necessária e obrigatória previsibilidade num cenário perspectivado como potencialmente incompleto e, consequentemente, caótico.
Se conseguiu realizar o esforço de imaginação que lhe pedimos, terá, sem porventura dar por isso, pensado em perfeccionismo! Estranho, não?… Tal como a criança que procura algo que não está lá, entrando num jogo condenado à partida, o perfeccionista condena a sua satisfação e realização na perseguição obstinada de um padrão desempenho que não admite nada menos que a perfeição, nada menos que a ausência de toda e qualquer imperfeição ou aspecto menos positivo, procurando, no fundo, algo que não existe (até porque o seu “radar” para a imperfeição é extraordinariamente sensível…).
O perfeccionismo é um conceito multidimensional, relacionando-se com vários aspectos do ser humano, que implica a existência de padrões de funcionamento e de exigência que vão além da razão e que são, por conseguinte, inalcançáveis. Os perfeccionistas buscam compulsivamente, e de forma inquestionável, objectivos impossíveis, ancorando o seu sentimento de valor pessoal em função dos seus níveis de desempenho, gerindo o seu quotidiano, de uma forma marcada pela pressão, por um padrão constante de crítica e por uma constante e invasiva insatisfação que, paradoxalmente, acaba por se constituir como um obstáculo para aquilo que a pessoa, normalmente, pensaria, faria e sentiria…
É que, tal como o pequeno das escondidas, jogam, de forma demasiado automática, um jogo que não podem, mesmo, vencer. E o leitor, tem por hábito jogar às escondidas sozinho?… Se sim, é uma boa altura para começar a jogar de forma diferente. Vale a pena tentar!

Fique bem pela sua saúde e a de todos os açorianos!
Um conselho da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses.

Filipe Fernandes *

  • Vogal da Direção da Delegação Regional dos Açores
Edit Template
Notícias Recentes
Câmara Municipal de Ponta Delgada arranca com repavimentação da Avenida 6 de Janeiro na freguesia da Covoada
Escola Secundária da Ribeira Grande distingue melhores alunos
Mais de uma centena de cursos previstos para 2025 no campo da formação agrícola
Parlamento aprova anteproposta para isenção do pagamento de direitos de partituras
Este ano vamos ter 200 escalas de navios cruzeiros
Notícia Anterior
Proxima Notícia

Copyright 2023 Diário dos Açores