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Solidariedade para com Maria João Ruela

Conheço Maria João Ruela há muitos anos como jornalista. Fizemos vários serviços jornalísticos em Lisboa, ela em representação da estação de televisão SIC e eu pela Agência Lusa, com a presença também de outros jornalistas.
É uma profissional muito competente, além de ser uma mulher muito simpática e muito educada. A sua honestidade pessoal e profissional pode ser sujeita a toda a prova, não tenho quaisquer dúvidas sobre isso.
Licenciada em Comunicação Social, fez parte da equipa fundadora da estação de televisão SIC, então como jornalista estagiária. Tem uma carreira profissional brilhante e impecável. Ostenta uma rica folha de bons serviços prestados à comunicação social e a Portugal. Recordo que foi baleada numa perna no Iraque, quando acompanhava uma missão da GNR nesse país, um acidente que lhe deixou algumas limitações físicas. É autora do livro “Viagens Contadas”, em que narra precisamente algumas das suas viagens pessoais e profissionais.
Atualmente desempenha a função de consultora da Casa Civil do Presidente da República para os Assuntos Sociais e as Comunidades. Nessa qualidade foi envolvida no “caso das gêmeas”, porque de algum modo lidou com esse processo em termos de informação interna, e foi chamada a depor na comissão parlamentar de inquérito sobre a situação.
Parece que querem fazer dela a “má da fita”, mas não é de certeza absoluta, é a minha profunda convicção. Se há ilegalidades ou procedimentos menos corretos nesse processo, não são da sua responsabilidade. Ela é apenas uma consultora, não tem poder político e de influência.
Enquanto outros se recusaram a depor, remetendo-se ao direito jurídico do silêncio, Maria João Ruela falou aos deputados com a simplicidade que lhe é inerente. Quem não deve não teme, diz o ditado com verdade. Assumiu com toda a clareza e a maior honestidade que terá existido “um lapso” numa informação transmitida ao Presidente da República, mas não é, de modo algum, uma criminosa, nem coisa que se pareça.
Como não tem preparação política, nem tem que ter, sentiu alguma dificuldade em enfrentar os deputados mais aguerridos, mas não queiram fazer dela a responsável por alguma coisa que não decorreu bem na matéria em apreço.
Se Maria João Ruela se demitir ou for demitida da função que desempenha no Palácio de Belém, digo desde já que será uma das maiores vergonhas em Portugal.
Este “caso das gêmeas” de origem brasileira tratadas em Portugal a uma doença rara, num processo que parece colocar algumas dúvidas e que alegadamente envolve figuras da política portuguesa, já ultrapassou isso tudo. Em minha opinião, já mostrou como está vulnerável e doente todo o regime político português.

Tomás Quental Mota Vieira

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