Desde há muito que se multiplicaram as vozes que diziam que o mundo estava perigoso. Do lado oposto, ingénuos otimistas e cândidos de esquerda quiseram fazer crer que tudo era conspiração ultraconservadora global e exagero intelectual. E enquanto diziam isso amoleciam e, quiçá, adormeciam as grandes correntes livres de pensamento que se fundamentavam na razão e no dever factual de evidências irrefutáveis. O mundo estava perigoso e não quiseram ver.
Por exemplo, a história de Israel é conhecida; Assim como a da Palestina. Desde sempre comparada a uma bomba-relógio, o Médio Oriente vive dias quentes, e não é devido ao sol tórrido que lava aquelas paragens, mas antes da falta de ideias e de soluções dos humanos que durante décadas desmazelaram nas relações diplomáticas. À falta de argumentação e de inteligência, parte-se para a violência e dessa forma resolvem-se os conflitos e as divergências. Abandona-se a negociação política livre e aberta e decide-se, pelo argumento da força, o lado da justiça e da razão.
Tendo por cenário a ideia de uma guerra total, em que até se desconhece quem combate quem, assiste-se impavidamente à degradação das relações internacionais, e por arrastamento a falta de soluções para os conflitos. E o problema não é apenas lá longe. O problema está também dentro da nossa casa. A Europa não é o Médio Oriente, mas a Europa não pode ser, sob qualquer perspetiva, foco de tensão com origem religiosa, política e civilizacional. A Europa é espaço de liberdade, e essa depende muito do funcionamento dos nossos sistemas de defesa e justiça.
Luís Soares Almeida*
*Professor de Português
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