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Metafísica: Porta para a Ciência

“Ao descobrir que, a consciência, se afirma como observador nas ciências, faz parte do mundo “criado por ela” é mostrar que o Universo, é criado por um observador visto como o criador da realidade à nossa medida.”

As luzes da Modernidade desenham-se com Descartes (1596 1650). Temos de entender o “cogito” nos tempos de hoje. Afinal, o “erro” de Descartes esconde em António Damásio o seu próprio erro e a exploração de temas filosóficos sem os devidos cuidados, mas um clamoroso êxito pelo seu arrojo que visava a fama e não a verdade.
Descartes, na sua obra magna “Discurso do método para bem dirigir a razão e encontrar a verdade nas ciências”, parte do “cogito” ou seja, de uma intuição primordial.
A consciência é a primeira intuição interior. Não precisamos de fundamentar a intuição. Não há dedução ou inferência para a intuição. É um dado de qualquer ser humano “ pela consciência de que tem de ter consciência”. Os outros animais têm consciência mas não atingem a subtileza de tal consciência. Enquanto dado da consciência, a intuição é o único principio sem silogismo ou demonstração anterior.
Não é possível duvidar da intuição porque não é redutiva, nem passível de a transformar em mais um silogismo, é uma certeza primordial. Isto torna a descoberta de Descartes um passo fundamental para a filosofia como para as ciências.

Sem consciência a realidade não existe. A sua construção parte das ideias, como Berclkey (1685-1753) procurara descobrir através do seu Idealismo imaterial. Tal como pensava o filósofo Berclkey, “sem um observador, o ruído da queda da árvore da floresta não existe”. Sem observador e as informações não há observação, faltam os dados, só as formas “criam” ideias que são construções nossas. Trata-se de ideias e não de objectos reais pois dependem do observador. Tem os limites que encerram a forma como recebemos a informação.
Kant (1724-1804) ao afirmar: “Nós é que mandamos”, nada mais faz do que do observar como o “fenómeno”, dado que podemos obter e criar ideias. Os “fenómenos” não são a realidade, mas a forma como captamos o que nos rodeia. Da realidade apenas temos das ideias acerca dela.
É a consciência de que temos consciência, ou “cogito”, é o observador. Este “cria” a realidade, o exterior que interioriza. Os limites da minha consciência são os limites do meu Mundo afirmou Wittgenstein, grande matemático e filósofo.
Os limites do Universo são os limites da nossa consciência, é pelo cogito que a realidade existe.
Descartes permanece actual pois a consciência rege-se pelo racional. Tudo o que conhecemos do mundo, fruto da observação e do observador, isto é, da consciência, do “cogito”.
Ao descobrir que, a consciência, se afirma como observador nas ciências, faz parte do mundo “criado por ela” é mostrar que o Universo, é criado por um observador visto como o criador da realidade à nossa medida.
A informação é tudo. As suas leis são as leis de um observador que existe em função da observação, “algo” construído.
O filósofo ou o cientista nada mais podem conhecer. A realidade é captada e criada pela nossa capacidade de conhecer, mas não é a própria realidade!
Todo o conhecimento científico é consciência que que pertencemos ao racionalismo do que nos rodeia e todas as leis que descobrimos são informações.
As leis do Cosmos são as leis que orientam a razão.
Uma árvore só existe se for observada. Diria Berclkey, que conhecemos é o que dizemos ser a cor, o cheiro, o ruído não existem mas formam a realidade, a realidade da árvore. As informações são captadas em forma de átomos, partículas, ondas, essa é a árvore, o arco-íris, a rosa que construímos.
Tudo o que existe, só existe tal como é para nós não como realidade. Apenas temos informações através de formas acerca do Mundo, como seja a árvore, ou um formigueiro. Não podemos conhecer senão em formas de espaço e tempo, que adaptamos, mas que não existem fora de nós como as percebemos.
No fundo, o nosso mundo é criado porque temos conhecimentos acerca de sons, cheiros ou cores e não coisas que criamos sem poder conhecer a esse exterior a que também nós pertencemos.
A dificuldade de ligar o micro e o macro cosmos não está nas leis da razão, mas na nossa própria limitação enquanto pertencentes ao Mundo.
O cientista Max Planck chegou ao que Feynman também veio a afirmar “ao conhecer nós criamos a realidade à nossa escala, mas não é a realidade tal como é”. O observador capta do mundo apenas o que são informações de algo que chamamos árvores, estrelas ou formigas. A realidade chega até nós em forma de informações ou “fenómenos” não há a realidade mas ideias na nossa mente. As ideias não materiais daí o Idealismo de Berclkey ser aceite nas ciências.
Para a Metafísica como para as ciências, o sujeito que conhece ou o observador científico, usa a informação acerca da realidade. Não podemos questionar acerca da realidade tal como é. Apenas as nossas informações: as partículas, moléculas, ondas, são formas como recebemos a “realidade”. Apenas descobrimos as leis que orientam a mente e são as mesmas leis que orientam o Universo. As leis que conhecemos são as mesmas que informam o que conhecemos.
A razão descobre as leis do Universo, apenas porque a nossa razão pertence ao Cosmos, são leis do Universo. Para além disso, o conhecimento que Descartes e todos os cientistas actuais demonstram como os seus limites estão nas formas como criamos a realidade.
“Pertencemos ao Universo, não podemos sair fora dele.” A nossa subjectividade cria realidades para nós, sem podemos conhecer o Universo a que pertencemos que fica fora dos nossos limites.
Max Planck, quase um século atrás, veio afirmar o que os filósofos muito antes perceberam: Pertencemos ao Universo, somos parte dele, do Mistério que tentamos resolver.
A linguagem muda mas o que temos são ideias que informam a nossa mente. A Metafísica abre as portas à ciência em todos os tempos.

Lúcia Simas

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