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Qual o impacto psicológico da desigualdade de género?

A desigualdade de género tem um impacto significativo na saúde psicológica, afetando tanto mulheres (M) quanto homens (H) em várias esferas da vida pessoal, familiar, profissional, escolar e social. Embora seja um problema da sociedade, e com impacto na sua evolução, afeta individualmente e dificulta o acesso a uma vida plena. Para melhor compreensão deste fenómeno, segue-se uma lista dos principais efeitos psicológicos para ambos os géneros:

  1. Baixa Autoestima
    M: A constante desvalorização das capacidades femininas, especialmente em contextos de trabalho ou liderança, pode gerar uma sensação de insuficiência e baixa autoestima. Por vezes está internalizada a ideia de que são menos competentes, o que pode limitar a procura de oportunidades e o desenvolvimento pessoal e profissional.
    H: A pressão para ser bem-sucedido e ocupar posições de poder pode afetar a autoestima masculina, podendo gerar sensações de ineficiência quando os objetivos não são alcançados.
  2. Ansiedade e Depressão
    M: algumas enfrentam sexismo, violência de género, sobrecarga de trabalho e limitações financeiras impostas pela disparidade salarial. Estas dificuldades facilmente despoletam quadros depressivos e ansiosos.
    H: podem sentir-se pressionados a cumprir papéis de “força” e “sucesso” e quando não conseguem, podem sentir que fracassaram e sentir a sua “masculinidade” afetada. Também lhes está associada a responsabilidade do “sustento do lar” e, portanto, situações de desemprego são sentidas com maior dureza, gerando sintomatologia ansiosa e depressiva.
  3. Sentimento de culpa e síndrome do Impostor
    M: quando alcançam sucesso por vezes sentem-se culpadas por priorizarem a carreira em vez da família. Outras sofrem da síndrome do impostor, duvidando das suas próprias conquistas e habilidades, acreditando que não são merecedoras das suas posições laborais.
    H: podem sentir-se pressionados a priorizar a carreira gerando culpa se não o fizerem e a síndrome do impostor pode revelar-se quando ocupam posições que exigem habilidades não-tradicionalmente atribuídas a eles, como nas áreas dos cuidados e educação.
  4. Transtornos relacionados com o corpo e a imagem
    M: os estereótipos de beleza e aparência resultam em pressão para atender a padrões irreais. Isso pode gerar transtornos como anorexia, bulimia e dismorfia corporal.
    H: podem sentir-se pressionados a exibir uma aparência forte e atlética, o que pode levar a transtornos corporais e ao uso de substâncias como anabolizantes, prejudicando a saúde física e mental.
  5. Stress e Burnout
    M: a acumulação da vida profissional e a gestão familiar e doméstica pode resultar num esgotamento físico e psicológico. Essa sobrecarga afeta o sono, as emoções e a saúde mental como um todo, podendo levar ao burnout.
    H: os que assumem maior envolvimento na vida familiar podem sentir-se julgados socialmente, resultando num tipo diferente de burnout, marcado pelo conflito entre as responsabilidades familiares e as expectativas sociais.
  6. Impacto na Educação e no Desenvolvimento Pessoal
    M: podem evitar determinadas áreas de estudo ou carreira por temerem a discriminação ou a falta de apoio. Isso pode limitar o desenvolvimento de habilidades e interesses, gerando insatisfação e dificuldade de realização.
    H: podem afastar-se de áreas relacionadas com o cuidado e a educação por receio do estigma e assim limitar a expressão completa dos seus interesses e habilidades.
  7. Impacto nas Relações Interpessoais
    A desigualdade de género pode afetar a maneira como homens e mulheres se relacionam. Mulheres que ocupam papéis de liderança podem enfrentar resistências nos relacionamentos, e os homens podem sentir dificuldade em lidar com mulheres independentes devido a expectativas de dominância e autoridade.
    Para mitigar estes efeitos, é essencial promover políticas de igualdade de género, verificar se as leis contra a discriminação e a violência são cumpridas, criar oportunidades de trabalho e representatividade para mulheres, reconhecer o problema e desafiar estereótipos de género, e fornecer apoio psicológico a quem precisa. A mudança requer a participação ativa de homens e mulheres, pois só juntos poderemos construir uma sociedade mais justa e inclusiva.
    A educação e a comunicação são as duas áreas que mais contribuem para reproduzir e reforçar as conceções de género e, portanto, as que mais poder têm para as questionar e transformar.
    Fique bem, pela sua saúde e a de todos os Açorianos!
    Um conselho da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
  8. Joana Amen *
  • Psicóloga e Vogal da Direção da Delegação Regional dos Açores
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