“Nascer nos Açores é um privilégio. Há dias em que não somos tão sensíveis a esse facto porque a natureza (verdadeira dona das nossas vidas) nos irrita e limita com a sua inconstância. Mas nos dias em que alguém nos desperta para a nossa singularidade, muda tudo.
Foi assim com o Evandro Menezes e o seu projeto Solo9viola. Uma hora de relação íntima com o instrumento que define a nossa história como Região que tem no divino Espírito Santo a sua matriz cultural e a saudade como identidade emocional.
O Evandro não é um tocador de viola da terra. É um conhecedor profundo de cada uma das quinze cordas que acaricia de forma perfeita extraindo delas todo o tipo de sons.
O concerto tem três andamentos: presente, passado e futuro. Isso permite-lhe viajar pela nossa história enquanto povo de infinita resistência.
O Evandro vive da música. É professor, tem um estúdio de gravação e está a organizar um grupo que fará furor, muito em breve, na oferta cultural dos Açores.
Estamos a viver um tempo difícil. A cultura tem sido o parente pobre das autarquias e do Governo dos Açores. Foi sempre assim. A política, como precisa de votos, valoriza a submissão que é filha do desconhecimento e da ignorância.
O Evandro não será bom para angariar votos mas é excelente para se perceber que somos muito mais do que parecemos e merecemos muito mais do que temos.
As ilhas que não conhecem ainda este projeto, não prescindam disso. E vão ver que vale a pena.”
Gabriela Silva