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Natal: guerra ou paz?

Este tempo de natal amargura -me profundamente.
Levei anos a dizer que detestava o natal. Compreendo hoje que não se trata disso.
É a frivolidade deste tempo de gastos inúteis, de excessos e consumo a todos os níveis, de uma utilização abusiva do clima de fraternidade por parte das empresas que vendem “amor em pacotes”, é o cansaço de pagar com presentes a falta de presença, de satisfazer crianças que têm tudo, de tentar agradar sem poder.
É o tempo de sentir as ausências, de suportar presenças obrigatórias, de liquidar favores, de não ter tempo para nada, de fingir que se está bem para não estragar o natal dos outros, de dar alguma coisa aos pobres pars não parecer egoísta, de estar em todo o lado onde há festas de natal, nos jantares da empresa, da associação, da freguesia , na festa da escola dos miúdos, no lanche da catequese. Comer demasiado, furar a dieta, fazer exageros e ter que ficar de cara alegre porque má disposição só depois dos reis.
A comunicação fácil e rápida através das redes sociais ainda dificulta mais a sobrevivência á época. Só porque temos um telemóvel e contas no Facebook, Instagram, LinkedIn, WatsApp, somos considerados mal comportados se não mandarmos mensagem a toda a gente. É também aconselhável mandar foto da blusa vermelha com a rena branca ou a arvore de natal a piscar. E na noite de natal, fotografias da comida e reels dos bons momentos.
Não estou fora desta equação. Estou totalmente comprometida com a comunicação mas faço -o o ano todo sem exceção. Mas ninguém considera natal fora dos limites temporais em que estamos. E é aí que começa e acaba a minha inquietação. Se não disser nada, muita gente não vão compreender. Se for para dizer a todos, um por um, não vou conseguir.
E todos os anos vivo esta angústia. No contexto da língua portuguesa a palavra angústia está aqui usada no seu sentido literal.
A maioria dos meus amigos são pessoas com quem gosto genuinamente de estar. A ligeireza de uma foto do presépio de Belém com a expressão Boas Festas não me diz nada. Mostra que me lembrei? Pode não mostrar nada. Esta altura do ano é pródiga em declarações de amizade sem grande significado sabendo que, muita gente, vai aos contatos e leva a eito para que ninguém se ofensa. É o que é!
A magia e os fretes terminam no dia 26. E a seguir é preparar a grande festança do final do ano porque a seguir temos a realidade a bater á porta de novo. Quando se desfizeram as luzes, quando os presentes estiverem todos abertos, só resta o que tiver sido realmente verdade. Para o bem e para o mal.
Sei que não estou a ser “politicamente correta” mas gosto sempre de colocar entre mim e a minha realidade, um espaço que dê para refletir e entrar dentro de mim. E, nesta época, sempre encontro coisas complicadas.
Tive muito natal este verão e até há pouco tempo atrás. Juntei amigos, fiz almoços e jantares, dei e recebi abraços apertados.
Estou em família este ano. Com a minha irmã e cunhado. Não passava esta época com eles há muitos anos. Com os meus sobrinhos com quem nunca tinha estado neste clima de natal. Com a magia das crianças fica diferente. Temos uma árvore de natal decorada por eles. Hoje, vamos falar de Jesus e do poder do amor.
E, neste momento, o meu postal de natal não pode deixar de ser este:
Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.
What else?

Gabriela Silva

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