O Conselho de Ilha de São Jorge lamentou esta Terça-feira a falta de resposta sobre a necessidade de reforçar as acessibilidades, falando em “mão cheia de nada”, apesar do Governo dos Açores destacar o aumento de voos no verão.
“Saímos daqui um bocadinho tristes. Olhando para o panorama geral da cara dos conselheiros consegui absorver esta informação de que saímos daqui com uma mão cheia de nada”, lamentou aos jornalistas o presidente do Conselho de Ilha de São Jorge após a reunião com o Governo dos Açores.
Hélder Martins lembrou que aquele órgão optou por dedicar a reunião com o executivo açoriano ao tema das acessibilidades, denunciando a indisponibilidade de voos ao longo do ano e para os constrangimentos na operação marítima.
“Não estaríamos à espera de um milagre, mas que pelo menos algumas das pretensões tivessem alguma solução apresentada nesta reunião“, criticou. O presidente do Conselho de Ilha afirmou que “tudo gira à volta das acessibilidades”, alertando para impactos económicos, sociais e de saúde.
“A informação que nos foi trazida foi aquela que já sabíamos. Nos transportes marítimos, os constrangimentos com o mau tempo. Nos transportes aéreos, a SATA não tem mais disponibilidade de aviões para voar”, especificou o conselheiro.
Por sua vez, o líder do Governo dos Açores considerou que o “sucesso da política de acessibilidades” do executivo “deu muito mais ambição a todos”.
“Como tem sido sucesso, agora todos querem mais. E querem respostas para amanhã, quando as respostas que temos foi o trabalho que realizámos: o número de voos que aumentamos, de lugares que disponibilizados e número de toneladas de carga que passámos a aportar”, reforçou.
A propósito do transporte aéreo, José Manuel Bolieiro sublinhou que é preciso “ver as listas de espera que justificam voos extraordinários ou o aumento dos voos regulares” e realçou que os níveis de ocupação das ligações para a ilha no Inverno rondam os 78%.
“O que está programado para o verão IATA aumenta significativamente outra vez o número de voos e vamos procurar ver a capacidade de resposta“.
O chefe do executivo dos Açores avisou, contudo, que também é preciso “dar banhos de realismo” às reivindicações das populações.
“O conselho de administração da SATA está a fazer um esforço de procura de aeronave. Se o mercado garantir isso podemos ter uma oportunidade. Se não, temos de nos conformar com as possibilidades reais que temos. É bom, também, de vez em quando, dar banhos de realismo às ambições“, disse.
No memorando do Conselho de Ilha enviado ao governo açoriano, os conselheiros defendem que as acessibilidades são o tema “prioritário e fulcral para o bem-estar, sustentabilidade e desenvolvimento” de São Jorge.
Limitar visitantes à Caldeira
O Governo dos Açores admitiu limitar o número de visitantes na Fajã da Caldeira do Santo Cristo, em São Jorge, após o município alertar para a necessidade de garantir uma “gestão equilibrada” daquela paisagem.
“Com uma vantagem tão competitiva e reconhecida a nível mundial como é Fajã do Santo Cristo, temos de ter especial sensibilidade para uma gestão da sustentabilidade ambiental. Obviamente cuidaremos desse aspeto”, afirmou o líder do executivo regional.
E prosseguiu: “Não se trata de uma obsessão limitativa, mas sim uma opção estratégica de sustentabilidade ambiental“.
José Manuel Bolieiro falava aos jornalistas após uma reunião com a Câmara da Calheta.
O chefe do executivo dos Açores garantiu que está a ser “avaliada” a possibilidade de controlar o acesso à caldeira do Santo Cristo, lembrando que existem outras zonas da região com limite de visitantes diário como a montanha do Pico ou o ilhéu de Vila Franca do Campo.
O líder regional adiantou que vão ser realizadas intervenções em infraestruturas e no trilho daquela fajã, que é uma das paisagens naturais mais emblemáticas dos Açores.
Bolieiro adiantou, também, que o Governo Regional e a autarquia da Calheta vão assinar durante o primeiro semestre do ano um contrato de cooperação para a requalificação da frente mar da vila, uma obra orçada em seis milhões de euros com financiamento regional, municipal e comunitário.
Já o presidente da Câmara da Calheta definiu a intervenção da frente mar como a “obra do século”, adiantando que a “execução vai ter início ainda este ano”.
O Governo dos Açores já tinha anunciado, a 28 de Maio de 2024, que iria comparticipar a obra da frente mar daquela vila.
Sobre a caldeira do Santo Cristo, o autarca Décio Pereira (independente) defendeu a necessidade de “equacionar num futuro próximo a capacidade de carga” do espaço. “Não podemos esquecer que já existem dias onde passam mais de 600 pessoas na caldeira do Santo Cristo a pé. Portanto, há uma gestão que tem de ser feita de forma equilibrada e sustentada para o futuro”, avisou. Durante o primeiro dia da visita estatutária, o Governo Regional também esteve reunido com a Câmara das Velas, prometendo apresentar até agosto um “programa preliminar” tendo em vista a ampliação do centro de saúde.