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Envelhecer com Propósito:Como o sentido de utilidade e a Saúde Mental Influenciam a longevidadee a qualidade de vida na Terceira Idade

O envelhecimento, embora repleto de sabedoria, é também inevitavelmente marcado por perdas — físicas, emocionais, sociais ou materiais. Nesta fase, o luto, nas suas diferentes formas, torna-se um companheiro frequente. É precisamente nesse contexto de perda que o sentido de utilidade se torna um pilar vital para a saúde mental.
Recentemente, vi uma série documental intitulada Blue Zones, que nos revela os “segredos” das comunidades onde as pessoas vivem mais de 100 anos. Deparei-me com uma verdade simples: os lugares onde se vive mais não são feitos apenas de boa alimentação ou genética privilegiada, são feitos de laços, propósito e pertença.
Nessas comunidades, os idosos cuidam dos netos, aconselham os mais novos, partilham histórias, mantêm hortas, cozinham, caminham em grupo, ensinam ofícios. Têm utilidade, função e valor.
Fez-me pensar no quanto ainda precisamos crescer enquanto sociedade. Quantas vezes, entre nós, os mais velhos são empurrados para os cantos da vida, como se já não tivessem nada a oferecer? Lembrou-me que o segredo está, sobretudo, no lugar que ocupamos na vida uns dos outros. E é por isso que vivem mais: não apenas porque cuidam do corpo, mas porque continuam a sentir-se necessários. Isto não é apenas bonito, é vital.
O sentido de vida, nessa fase, constrói-se no olhar gentil, na troca de experiências, na autonomia preservada, no ensinar o que sabe, contar histórias, na possibilidade de contribuir. A dignidade está em poder escolher, em não ser tratado como alguém “que já passou”. É poder continuar a fazer escolhas simples: que roupa vestir, com o que ocupar o tempo, que prazeres cultivar. E é tão poderoso que está associado à redução da depressão e da ansiedade, à estimulação cognitiva e emocional e à redução do isolamento social.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o sentimento de inutilidade e o isolamento social estão entre os principais fatores de risco para a depressão na velhice, e ambos são preveníveis. É neste ponto que a ligação entre gerações se torna um verdadeiro bálsamo invisível. Cria pontes e mantém viva a identidade de quem já caminhou tanto. Que saibamos todos devolver aos nossos idosos o direito de continuar a ser parte viva, ativa e valiosa.

Fique bem, pela sua saúde e de todos os Açorianos!
Um conselho da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses.

Beatriz Oliveira *

  • Psicóloga Clínica e da Saúde
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