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Cuidar da saúde oralevita AVC’s

“Nos Açores, o Orçamento Regional para 2026 introduz o “cheque saúde” e a carreira de médico dentista, visando melhorar o acesso a cuidados especializados. A aplicação “mySaúde Açores” ganhou novas funcionalidades, incluindo o acesso a tempos de espera nas urgências, facilitando assim a gestão de consultas para os utentes.”

Os temas da semana: prevenir, prevenir, prevenir

Na semana de 27 de Outubro a 2 de Novembro de 2025, a nível internacional a área da saúde destacou-se por um misto de avanços científicos, preocupações ambientais e desafios organizacionais, nas várias partes do globo.
Nos EUA, a semana foi marcada por estudos promissores sobre os medicamentos para a perda de peso, como o semaglutide (presente em fármacos como o Wegovy e o Ozempic), estudos que demonstraram benefícios para a saúde do coração, independentemente da quantidade de peso perdido. Esta descoberta reforça a importância das abordagens farmacológicas inovadoras no combate às doenças cardiovasculares, que atingem milhões de pessoas. Paralelamente, demonstrou-se a ligação alarmante entre os problemas de saúde oral – como as cáries e as doenças gengivais – e o risco (86% superior!) de acidente vascular cerebral (AVC). Além disto, registou-se um aumento preocupante dos problemas de memória nos adultos jovens, provavelmente ligado a factores como o stress e os estilos de vida modernos. Tudo isto demonstra que os EUA, apesar do seu poder tecnológico, precisam investir mais na educação preventiva, para evitarem que problemas do dia-a-dia se tornem crises de saúde pública.
Na Europa, uma das notícias com mais impacto foi o relatório da “Agência Europeia do Ambiente”, que mostra que 1 em cada 5 mortes por causa cardiovascular poderia ser evitada, através de melhorias ambientais, como a redução da poluição. Este dado reforça a ligação entre saúde humana e sustentabilidade, um tema que ganha relevância com o aquecimento global. Outros destaques desta semana na Europa incluem alertas sobre biodefesa, com críticas ao CDC (Centro de Controlo de Doenças dos EUA), o risco de gripe das aves (que afectam o abastecimento alimentar) e o declínio no número de casos de Ébola, na República Democrática do Congo. O “World Health Summit” debateu as inovações digitais e a equidade em saúde global. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para os elevados níveis de desigualdade económica, que estão a tornar as pandemias mais prováveis, mais mortíferas e mais dispendiosas, alimentando um círculo vicioso que põe em risco a saúde global e a Economia. A Europa tem a oportunidade de liderar políticas integradas, que combinem saúde e ambiente, evitando que ameaças – como as pandemias – se agravem, devido às divisões políticas. É fundamental que a União Europeia adopte medidas preventivas robustas, para proteger as populações vulneráveis.
Em Portugal, o foco desta semana esteve no Serviço Nacional de Saúde (SNS), com o Governo a prometer mais serviços sem aumento orçamental, através de uma gestão mais eficiente. A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, desmarcou a presença num evento onde o Presidente da República discursou sobre o estado da saúde, devido a compromissos parlamentares. Foram tomadas várias medidas para preparar o SNS para a sobrecarga de Outono e Inverno, incluindo mais médicos, enfermeiros e camas hospitalares. Um inquérito revelou que 9 em cada 10 portugueses consideram que a qualidade dos serviços do SNS está a deteriorar-se, o que reflecte uma insatisfação generalizada.
Tudo isto destaca a resiliência do SNS, mas também a necessidade de maior transparência e investimento, para restaurar a confiança pública. Sem recursos adequados, corremos o risco de perpetuar desigualdades no acesso aos cuidados de saúde.
Nos Açores, o Orçamento Regional para 2026 introduz o “cheque saúde” e a carreira de médico dentista, visando melhorar o acesso a cuidados especializados. A aplicação “mySaúde Açores” ganhou novas funcionalidades, incluindo o acesso a tempos de espera nas urgências, facilitando assim a gestão de consultas para os utentes.
Assim, esta semana revelou alguns padrões mundiais: da inovação farmacológica nos EUA ao destaque ambiental na Europa, passando pelos esforços de optimização em Portugal e nos Açores. O verdadeiro progresso reside na prevenção – seja através da promoção de estilos de vida saudáveis, de políticas ambientais ou sistemas de saúde inclusivos. Todos, desde os decisores aos cidadãos, devem priorizar estas áreas para construir sociedades mais resilientes. A saúde não é um custo, mas antes um investimento no futuro comum.

A homenagem da semana: liderar mudanças

No âmbito da saúde pública, este ano de 2025 tem sido marcado por contributos notáveis de profissionais que demonstram dedicação exemplar ao avanço do bem-estar colectivo. Anne E. Goldfeld, médica e investigadora da Harvard Medical School e do Boston Children’s Hospital, é uma figura de destaque na saúde pública global, particularmente no combate às doenças infecciosas, como a tuberculose (TB) e o VIH/SIDA. Em 2025, foi distinguida com o Prémio Humanitário Jimmy and Rosalynn Carter, atribuído pela National Foundation for Infectious Diseases (NFID), reconhecendo o seu papel de visionária na transformação da saúde global, através de abordagens compassivas e inovadoras. Os seus contributos incluem avanços científicos na compreensão da resposta imunitária à coinfecção TB/VIH, a fundação de programas de tratamento e a investigação em países como o Cambodja e a Etiópia, influenciando directrizes globais que salvam anualmente cerca de 150000 vidas. Antes liderou respostas humanitárias em zonas de conflito e defendeu a proibição global de minas terrestres. Esta homenagem, em 2025, sublinha o seu compromisso inabalável com as populações vulneráveis, reforçando a importância de integrar ciência e humanismo na saúde pública. Merece reconhecimento público por demonstrar como a liderança individual pode gerar impactos sistémicos e salvar vidas à escala global.
Já Evelyn Brakema, cofundadora e presidente da Dutch Green Health Alliance (Groene Zorg Alliantie), representa um exemplo de excelência na promoção da sustentabilidade na saúde pública europeia. Em 2025 foi galardoada com o prémio Sustainability Champion of the Year nos European Sustainable Healthcare Awards, organizados pela Health Care Without Harm (HCWH) Europe, durante a conferência CleanMed Europe. As suas conquistas incluem o envolvimento de mais de 10000 profissionais de saúde nos Países Baixos, inspirando mudanças sistémicas para práticas mais ecológicas e sustentáveis, no sector da saúde. Através da aliança que lidera, Brakema tem estimulado iniciativas que reduzem o impacto ambiental dos sistemas de saúde, promovendo uma abordagem integrada entre cuidados médicos e sustentabilidade ambiental.

Mário Freitas*

* Médico de Saúde Pública e de Medicina do Trabalho

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