Natural da Ilha do Corvo, Catarina Andrade, dentora da marca Sazorea, é hoje uma referência no setor da cosmética natural Premium. A comprová-lo está a conquista, com o sérum “The Dream Glow”, do prémio Natural Excellence Award na prestigiada gala dos European Natural Beauty Awards, que decorreu em Paris, em finais de Setembro.
Uma distinção que permitirá à marca açoriana de cosméticos ambicionar novos horizontes, não só empresariais, como em criatividade.
Qual foi a primeira sensação após saber do prémio no European Natural Beauty Awards?
Foi uma sensação de enorme orgulho e gratidão. Orgulho porque este prémio valida todo o trabalho, dedicação e paixão que colocámos na Sazorea ao longo dos últimos anos. E gratidão, porque ver um produto nascido nos Açores, o nosso The Dream Glow, ser reconhecido entre centenas de marcas europeias, é um momento que nos enche o coração. É também uma vitória da autenticidade, da sustentabilidade e da beleza que nasce da natureza açoriana.
Em concreto, o que representa este prémio para si e para a Sazorea?
Representa a confirmação de que a nossa visão está no caminho certo. A Sazorea nasceu para unir natureza e ciência, e para provar que uma marca vinda dos Açores, pode ter um impacto global.
Este prémio é uma conquista colectiva — da equipa, dos parceiros e de todos os que acreditaram nesta ideia. Para a marca, significa credibilidade, confiança e visibilidade num mercado altamente competitivo. É também um impulso para continuar a inovar com base em sustentabilidade, eficácia e autenticidade.
A presença em certames como este, e para mais, obtendo um prémio, que portas abre para a Sazorea?
Abre portas muito concretas: mais visibilidade internacional, interesse de retalhistas e parceiros, e sobretudo a confiança do consumidor.
Um prémio europeu dá-nos uma validação que é reconhecida em qualquer país. Torna-nos mais atrativos para quem quer trabalhar connosco e demonstra que os Açores têm muito para oferecer em termos de inovação e qualidade. Além disso, reforça o nosso posicionamento como uma marca premium de cosmética natural e vegan.
Houve efectivo reconhecimento e interesse dos seus pares sobre a Sazorea e, em particular, sobre o The Dream Glow? Como olharam para uma vencedora originária do “fim do mundo”?
Sim, houve muito interesse. O The Dream Glow despertou curiosidade tanto pela sua performance como pela sua história.
O facto de sermos uma marca açoriana gera admiração. Em vez de sermos vistos como periféricos, somos vistos como autênticos — uma marca que nasce num território remoto, de natureza pura, e que transforma essa origem em identidade e valor.
E contactos concretos, houve?
Sim. Desde o prémio, recebemos contactos de distribuidores e concept stores interessados em trabalhar connosco, tanto em Portugal continental como noutros mercados europeus. Estamos a avaliar com calma cada proposta, para garantir que a expansão se faz de forma sustentável e coerente com os nossos valores. É uma fase muito entusiasmante de crescimento.
O segmento dos cosméticos sustentáveis como está? Muito caminho a percorrer? E como olham as L’Oréal e as Dior para este segmento?
O segmento da cosmética sustentável está em franco crescimento, mas ainda há muito caminho a percorrer. A sustentabilidade não pode ser apenas um “selo” ou uma tendência de marketing — tem de estar presente em toda a cadeia: ingredientes, formulação, embalagem e logística.
As grandes casas, como a L’Oréal e a Dior, já perceberam isso. Estão a investir fortemente em linhas green e em investigação. Para marcas independentes como a Sazorea, isso é sinal de que estamos no caminho certo.
A diferença é que, no nosso caso, a sustentabilidade é o ponto de partida, não o ponto de chegada.
Qual a gama de produtos actualmente comercializados pela Sazorea?
Atualmente temos uma linha minimalista composta por três produtos essenciais: a The Gentle Renewing, uma mousse de limpeza suave; o The Wonder Complexion, um sérum intensivo e multifuncional com ação regeneradora e hidratante e o The Dream Glow, o nosso óleo facial nutritivo e anti-idade, vencedor do European Natural Beauty Award.
Acreditamos que o cuidado eficaz da pele não precisa de dezenas de produtos — apenas de fórmulas bem pensadas, eficazes e seguras.
E por parte do público, como está a procura e a aceitação?
A aceitação tem sido muito positiva. Os consumidores valorizam cada vez mais produtos que tenham uma história verdadeira, ingredientes rastreáveis e resultados reais.
A Sazorea tem despertado curiosidade e fidelização, especialmente entre quem procura cosmética clean, natural e vegan. É gratificante receber mensagens de clientes que dizem sentir a diferença na pele e também no modo como se sentem consigo mesmas.
Como adquirir produtos da Sazorea? Há planos para alargar os actuais meios de comercialização?
Os nossos produtos estão disponíveis na loja online oficial, em www.sazorea.com, com envios para toda a União Europeia. Estamos também disponíveis em alguns spas: Senhora da Rosa, Octant Ponta Delgada e Aldeia da Cuada.
Estamos a preparar o alargamento da distribuição a outros canais e a parcerias com lojas especializadas e concept stores de beleza sustentável. Queremos crescer, mas de forma controlada, garantindo que cada ponto de venda representa bem a essência da marca.
Como está em termos de vendas? Quais as principais dificuldades com que se depara comercialmente?
As vendas estão em linha com o esperado para uma marca jovem e independente. O crescimento é constante e sustentado.
As maiores dificuldades são as naturais de um projeto que nasce nos Açores: custos logísticos, acesso a mercados maiores e a necessidade de comunicar a partir de uma região periférica. Mas isso nunca nos travou — pelo contrário, dá-nos ainda mais motivação para provar que é possível fazer diferente e com qualidade.
E quanto ao desenvolvimento e produção de novos produtos, o que pode adiantar?
Estamos em fase de desenvolvimento de novas fórmulas que complementam a linha existente. Mantemos o foco em produtos de alta performance, naturais e vegan, e com o mínimo de impacto ambiental possível.
Posso adiantar que estamos a explorar novos ingredientes endémicos dos Açores e novas texturas. Em breve haverá novidades.
As matérias-primas são de fácil obtenção?
Nem sempre. Trabalhar com ingredientes autóctones e de colheita responsável exige planeamento e parcerias locais muito rigorosas.
Mas é um desafio positivo: obriga-nos a ter uma cadeia de abastecimento controlada e sustentável. Os Açores oferecem-nos uma riqueza botânica única e é essa natureza que queremos continuar a proteger.
Os seus produtos estão de alguma forma seguros, isto é, são patenteados ou possuem outro tipo de cobertura de propriedade?
Sim. Todas as nossas fórmulas estão registadas e cumprem integralmente a regulamentação europeia de cosméticos (Regulamento (CE) n.º 1223/2009).
Os produtos estão registados no Cosmetic Products Notification Portal (CPNP), o que garante a sua segurança e rastreabilidade.
Quanto a patentes, as nossas fórmulas são desenvolvidas internamente e protegidas no âmbito da propriedade industrial e da confidencialidade da formulação.
A Sazorea tem novidades no horizonte?
Tem, sim! Além da nova loja online, estamos a preparar novos lançamentos e projectos que vão reforçar o nosso compromisso com inovação, eficácia e sustentabilidade.
Continuamos a crescer de forma orgânica, mas ambiciosa — e as próximas novidades vão refletir exactamente isso.
Até onde pretende ir a empresa?
Queremos levar a Sazorea o mais longe possível, mas sempre com alma.
A nossa ambição é que seja reconhecida como uma marca internacional de referência em cosmética natural premium, nascida nos Açores, capaz de alinhar ciência e natureza na perfeição.
Pretendemos expandir-nos para novos mercados e continuar a inovar sem nunca perder a autenticidade que nos define.
Para mim, “até onde” significa criar impacto positivo em várias dimensões: gerar valor para os Açores, inspirar outras mulheres a acreditarem nos seus projectos e continuar a apoiar as causas sociais com que nos identificamos — agora em maior escala.
Crescer, sim, mas de forma consciente, mantendo o equilíbrio entre propósito, planeta e pessoas.
Rui Leite Melo
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