No aniversário deste ano do Diário dos Açores não é possível ficar apenas pela evocação do percurso feito, sob sucessivas lideranças, felicitando os que contribuem de diversos modos para fazer sair à rua todos os dias o jornal.
Atravessando mais de um século e meio, onde deixa uma marca indelével, na sociedade açoriana e com maior impacto micaelense, o Diário dos Açores é, tal como aliás os outros jornais das nossas ilhas, uma verdadeira instituição.
É por isso que todos devemos ver com preocupação as dificuldades que atravessa a Imprensa, em todo o Mundo, mas em especial no nosso pequeno meio insular.
A Imprensa é uma peça chave do funcionamento de qualquer sociedade que preze o valor da Liberdade e a Democracia não vive sem uma Imprensa livre.
Ora, o que se está passando presentemente nesta matéria não é positivo, longe disso!
Temos assistido ao fecho sucessivo de vários periódicos nos últimos anos e os que sobrevivem devem-no à dedicação dos seus donos e dos seus trabalhadores, com destaque para os jornalistas.
Há vários esquemas públicos de apoio à Imprensa, mas ao que consta funcionam mal e com grandes atrasos e demasiada burocracia. É preciso romper com este estado de coisas e olhar de frente para os problemas existentes, agindo com eficácia para lhes dar a devida solução.
E a sociedade civil também não pode alhear-se das dificuldades presentes, sob pena de vir a acordar tarde demais. Para além da necessária pressão sobre os poderes públicos, há múltiplas maneiras de actuar com eficácia para ajudar a manter a nossa Imprensa independente e livre.
Aliás, a mudança de paradigma ocorrida nos tempos mais recentes, e que esperamos se possa manter, significa desafios novos aos cidadãos e ás suas várias organizações, que devem chegar-se à frente para a solução dos problemas da sociedade, entre os quais avulta agora o da sobrevivência da Imprensa, em vez de tudo ficarem aguardando da intervenção do Estado.
João Bosco Mota Amaral*
- (Por convicção pessoal, o Autor não respeita o assim chamado Acordo Ortográfico)