Sou eu, outra vez…!
Eu, o implacável Tempo – Tempus Fugit – O Tempo Foge, o tempo voa inexoravelmente.
Outro ano termina no começo de um novo. Tentam os homens e mulheres descrever o que foi 2023… não sei p’ra quê! Se todos nós o vivemos.
Tentar imaginar 2024, talvez seja mais interessante.
Criticar responsáveis pelo que podia ter sido feito e não foi, talvez seja um dever.
Vasculhar por entre o entulho de escombros e cadáveres, produzidos por guerras primitivas, por ideologias xenófobas, teologias sionistas prosaicas, corriqueira se vulgares, que contradizem o próprio Velho Testamento ou Bíblia Hebraica, Torá, Corão ou Evangelhos.
Mas para a política cá da terra, que influencia os nossos destinos, vamos ter em 2024 vários atos eleitorais. Para se arrogarem no direito de se autodenominar como democracias, estas precisam passar pela decisão popular.
Já nos princípios de fevereiro, os açorianos são convocados para eleger novo governo. Iremos assistir a uma campanha variada, mas pouco promissora de coisas reais, já que em outras campanhas as promessas então feitas ainda não foram cumpridas.
A lei eleitoral continua cancerosa, infetada, de tal forma que as pessoas cada vez menos acreditam no sistema prestes a fazer cinquenta anos. Mas será interessante verificar o que acontece a 04 de fevereiro próximo.
Depois, a 10 de março de 2024, teremos a eleição dos deputados da Assembleia da República. Outra farsa teatral, dada a inoperância (novamente) da lei eleitoral, cinicamente chamada democrática, mas pré-concebida pelos partidos políticos que usam e abusam dos moldes por eles estabelecidos. Querem que as pessoas votem em listas previamente preenchidas por eles. O cidadão não conhece necessariamente quem o representa no Parlamento. Isso só pode interessar a quem procura um ‘lugar ao Sol’ parlamentar.
Uma cada vez maior abstenção, tem vindo a avisar há muito, que algo tem de ser feito a nível de lei eleitoral. Mas ninguém fala do assunto durante as campanhas.
E como se estas duas eleições já não bastassem, teremos outra a 09 de junho de 2024, para eleição dos deputados ao Parlamento Europeu.
Por cá, a campanha ainda não começou e já as queixas à CNE (Comissão Nacional de Eleições) por parte do PS já começam, o que faz prever que os programas eleitorais são nulos. Será uma campanha de insultos, propaganda suja, jogos baixos com a habitual falta de ética. O resultado só pode ser o de enorme abstenção e a extrema direita ganhar cada vez mais espaço por entre o cansaço, a fatiga do povo, farto de um sistema que tem todas as condições para lhes dar sossego e bem-estar, mas que continua a ser deturpado por alguns parasitas, sempre à espreita da melhor oportunidade para recolherem os próprios interesses.
E que legitimidades democráticas pode ter essa partidocracia, quando são eleitos por muito menos de 50% dos eleitores?
Que caminho estão os políticos deste país a dar a esta Democracia que tanto custou a conquistar?
E se a abstenção continuar a ser tão alta como tem sido, não será tempo de a Assembleia da República pensar seriamente num renovado, atualizado e modernizado sistema eleitoral, mais representativo e transparente?
Não haverá ninguém interessado, realmente, em salvar esta Democracia?
José Soares