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“Gestão dos aeroportos da ANA devia passar para a Região”

O especialista e consultor em aviação comercial, Pedro Castro, defende que os aeroportos dos Açores geridos pela ANA/VINCI deviam passar para a Região e retirá-los da alçada do Governo da República.
“Focava-me em obter maior autonomia e poder regional sobre as infra-estruturas do arquipélago numa agenda comum aos governos regionais para retirá-los da alçada do governo central”, afirma Pedro Castro, a propósito de uma pretensão da Câmara Municipal de Vila do Porto, em reabrir o aeroporto de Santa Maria para operações nocturnas.
Com efeito, a presidente do município de Vila do Porto anunciou que pretende reforçar contactos para a reabertura do Aeroporto Internacional de Santa Maria, no período nocturno.
Bárbara Chaves pretende oficiar, novamente, às entidades competentes para o efeito, a começar pela própria ANA – Aeroportos de Portugal/VINCI Airports, que gere a infra-estrutura.
A autarca mariense explica que o reforço da posição tem que ver com os dois últimos pedidos de aterragens de emergência: um avião da companhia aérea colombiana Avianca em Novembro passado, com cerca de 250 passageiros a bordo e outro da companhia espanhola Air Europa em Dezembro, com cerca de 355 passageiros.
Para Bárbara Chaves, estas situações reforçam a importância do Aeroporto Internacional de Santa Maria como uma infra-estrutura de enorme relevância de apoio de retaguarda em caso de emergência para a aviação comercial transatlântica e de suporte a aeronaves certificadas com ETOPS das muitas companhias aéreas que, diariamente sobrevoam as ilhas dos Açores, nas suas rotas de e para a América.
O mesmo se passa quanto a uma melhoria das condições para receber e apoiar as escalas técnicas da aviação executiva, que podem ser muito mais exploradas.
Comentando esta pretensão, Pedro Castro diz que entende e “estou solidário com a iniciativa da presidente da Câmara da Vila do Porto. Como tantos autarcas responsáveis mas com recursos limitados por este país fora tenta olhar à sua volta e pergunta-se: “o que é que existe já feito no meu território que posso aproveitar para alavancar a minha economia local?” É um pensamento saudável em termos do que a sociedade deveria ser e é um pensamento academicamente correto em termos de política pública. Como não estamos em período de eleições municipais, atrevo-me a dizer que é uma preocupação autêntica e uma intuição genuína desta autarca”.
E acrescenta o especialista em aviação comercial: “Infelizmente os governos regional e central estão atarefados com eleições e o significado político de Santa Maria em ambos os casos é parco. Dentro do nosso regime de autonomia regional, o aeroporto de Santa Maria (como o de Ponta Delgada, da Horta, das Flores, mas também o do Funchal e do Porto Santo) é considerado infraestrutura do governo da República e o que se faz ou deixa de fazer no aeroporto de Santa Maria, se fecha às 21h ou se está aberto 24 horas, é totalmente irrelevante para Lisboa; e para a Vinci-ANA Aeroportos que se viu obrigada a aceitar todos os aeroportos – mesmo aqueles que não queria – para poder ficar com aqueles que realmente lhe interessam, este tema de Santa Maria é ainda menos relevante. Sobretudo se a ANA conseguir, através do seu aeroporto em Ponta Delgada, cobrir esse tipo de oportunidade e de situação.
Mesmo que perca algum desse tráfego para a Terceira, mesmo assim, isso pode não compensar alterações em Santa Maria de um ponto de vista económico para o concessionário que, neste momento, tem tanta coisa com que se preocupar no Continente, em Ponta Delgada e até na Horta”.
Pedro Castro sublinha que “ter um aeroporto aberto para situações excepcionais ou para uns jactos privados abastecerem parece-me ser um modelo de negócio muito frágil”.
“Infelizmente, a vontade da autarca será totalmente esmagada por estas forças politíco-económicas antagónicas ao seu interesse local. Por isso mesmo, eu aconselharia fazer algo de diferente, mas que vai muito para além do calendário eleitoralista: focava-me em obter maior autonomia e poder regional sobre as infraestruturas do arquipélago numa agenda comum aos governos regionais para retirá-los da alçada do governo central; em seguida, tentaria então colocar o assunto na agenda e na prioridade da região, com a respectiva pressão sob o concessionário. Mas isto seria um esforço para começar hoje e para terminar… um dia”.

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