A Comissão Europeia vai cofinanciar 37 projetos para criação de infraestruturas 5G na União Europeia (UE), incluindo cabos submarinos para ligação às regiões ultraperiféricas (RUP), como os Açores e Madeira.
O orçamento de 252 milhões de euros, no âmbito do Mecanismo Interligar a Europa (MIE Digital), será atribuído a projetos para desenvolvimento de infraestruturas 5G em comunidades locais – como universidades e hospitais para melhorar a qualidade de serviços de interesse público – ao longo dos principais corredores de transporte europeus, bem como para a instalação de cabos submarinos, melhorando a segurança e a resiliência das redes de base na e para a UE.
Entre os projetos apoiados está a ligação por cabos submarinos entre as RUP no oceano Atlântico e o continente europeu, bem como o reforço da conectividade para África.
No comunicado, Bruxelas lembra estar ainda aberto – até 20 de fevereiro – o concurso para cofinanciamento de novos projetos MIE Digital.
Os cabos da discórdia
Recorde-se que o futuro anel de cabos submarinos que vai ligar o Continente e as ilhas gerpu contestação nos Açores, embora a empresa responsável pelo projeto insista que a escolha da configuração teve apenas preocupações técnicas.
“A escolha da configuração teve uma preocupação única de garantir uma total redundância à Região Autónoma dos Açores e de interligação com a atual e futura rede interilhas, ao contrário da atual configuração, a qual está totalmente dependente da ilha de São Miguel”, justifica o diretor-geral da IP Telecom, numa carta enviada ao parlamento açoriano.
O ofício surge em resposta a uma petição entregue na Assembleia Legislativa dos Açores, cujo primeiro subscritor é Mota Vieira, engenheiro de comunicações, que defende a realização de um estudo para determinar a que ilhas devem ficar ligados os cabos submarinos que vêm do Continente e da Madeira.
“O cabo principal, vindo do Continente, deve ficar ligado à ilha de São Miguel, que é a maior ilha da região”, defendem os assinantes da petição, acrescentando que a ligação do cabo secundário deva ser estudada, admitindo que apenas essa possa ficar instalada noutra ilha da região.
“A configuração definida permitirá, sempre que uma ilha sofra algum tipo de catástrofe, vendo-se impedida de prestar o serviço de comunicações com as demais ilhas, por via de uma configuração de anel puro, possam subsistir interligações” com o restante arquipélago, pode ler-se no referido ofício da IP Telecom.
Opinião contrária têm os subscritores da petição, que consideram que a maior economia dos Açores, situada na ilha de São Miguel, será “fortemente penalizada”, se o cabo principal de fibra ótica entre o Continente e os Açores, ficar ligado à ilha Terceira.
“Esta configuração irá trazer consequências negativas para a principal economia dos Açores”, alertou Mota Vieira, durante a audição parlamentar, adiantando que uma empresa tecnológica que pretenda instalar-se nos Açores, não vai querer vir para São Miguel, depois de saber que não há ligações da fibra ótica diretas com o Continente.