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O Manifesto “Açoriano” – convite a leitura e ação

O Manifesto pelo Desenvolvimento Humano e por uma Ideia de Futuro na Região Autónoma dos Açores está por aí disponível para quem se interessar por refletir. Escrito, segundo fui informado, por três açorianos encartados e escudados num percurso de vida no alto escalão social e cultural – Joel Neto, João de Melo e José Henrique Ornelas – provenientes de um quadrante político independente, sem coloração partidária portanto, e subscrito também, além de pelos autores, por mais dúzia e meia de outras figuras marcantes nestas últimas décadas da história açoriana. O tom do Manifesto é claramente um apelo à consciência coletiva açoriana:

É urgente que os Açores tomem consciência dos seus penosos índices de desenvolvimento humano, aceitando que os números que os compõem contam uma só história: a de uma Região que, mesmo num país ultrapassado por cada vez mais novos membros de uma Europa unida, consegue, ainda assim, destacar-se pela negativa.
É urgente que os Açores sejam capazes de enfrentar, sem sofismas, os desequilíbrios que estes primeiros 48 anos de exercício autonómico não resolveram, promovendo o combate sistemático à pobreza e à desigualdade numa lógica personalista, inclusiva e propiciadora de mobilidade social, da inversão das tendências na educação e do aumento da esperança média de vida.

Não poderei pronunciar-me sobre todos e cada um dos pontos abordados pelo Manifesto, pois no último meio-século vivi fora dos Açores e só agora comecei a residir metade do ano em S. Miguel. Ora isso não é ainda suficiente para me inteirar a fundo de todos os problemas do arquipélago, a ponto de me sentir autorizado a vir publicamente falar deles. Todavia não escondo que, em termos de princípios, me identifico com os valores que ditaram o Manifesto e o teor do mesmo. Espero, aliás, nos próximos anos poder ficar a conhecer mais de perto a realidade quotidiana insular, algo que uns meros anuais meses de veraneio até aqui não permitiam, por mais que eu siga regularmente a vida açoriana através da leitura (quase diária) dos jornais.
O meu único comentário neste momento é o da expressão do desejo de que esse manifesto não caia no tradicional filão que funciona como saco roto: o de ser lido apenas como culpabilização dos governos (todos eles) e dos políticos, esperando que sejam apenas eles a intervir fazendo algo pela solução de problemas há muito incrustados na sociedade açoriana. Vários desses problemas são antigos e urgem uma intervenção de fundo, bem de fundo na verdade, exigindo a colaboração de todos os cidadãos compenetrados, conscientes e interessados na melhoria do estado de coisas. Se este Manifesto conseguir despertar os Açores da sua letargia, amordaçada pelos subsídios europeus, e galvanizar as populações a reunirem-se em assembleias interventivas de onde possam brotar ideias realistas, pragmáticas, sensatamente aplicáveis às nossas circunstâncias específicas, este gesto nobre e comprometido de um grupo de açorianos destemidos, corajosos e esperançados num futuro melhor para o arquipélago, terá atingido os seus objetivos.
A ideia de que “é toda a aldeia que é chamada a educar uma criança” (it takes a village to raise a child) ficou há muito consagrada como verdade insofismável. Ela tem de ser posta em prática, a começar com pequenos grupos de trabalho que, nas suas comunidades, possam identificar problemas específicos que necessitem de ser resolvidos. Simplesmente bater palmas reclamando dos políticos soluções será apenas um passo, se bem que importante. Mas não se irá longe se nos quedarmos por aí. Os problemas apontados pelo Manifesto afetam-nos a todos e por isso exigem de todos nós mais do que entusiasmados aplausos.

Onésimo Teotónio Almeida

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