Vivemos tempos bélicos e é cada vez mais uma realidade do nosso país, e da nossa região, a presença de pessoas refugiadas ou requerentes de asilo. Não só vêm para trabalhar, fogem de guerras que não escolheram travar. Atendendo às especificidades desta população, a Ordem dos Psicólogos Portugueses considerou necessário disponibilizar Linhas de Orientação para a Prática Profissional que possam auxiliar estes profissionais no exercício das suas funções com uma população tão heterogénea, quanto necessitada.
No referido documento, disponível gratuitamente no site da OPP, destaca-se a importância de compreender diversas formas de expressão e que requerem da parte do profissional, sensibilidade e competência cultural. A primeira refere-se à consciência e respeito pelos valores, normas, crenças e características de determinado grupo e cultura, acompanhada da disponibilidade para adaptar comportamentos e práticas em função das características do grupo ou pessoa em causa; a segunda, competência cultural, diz respeito a um conjunto de conhecimentos e habilidades, que permitem atuar adequadamente em contextos culturais diversos.
Com total respeito pelos valores éticos e epistemológicos, deve ter-se em conta que os processos migratórios destas populações não só comportam inúmeras perdas (dos laços familiares e grupais, das referências culturais, bem como processos de luto migratório), experiências traumáticas e outras problemáticas, como a Síndrome de Ulisses ou as dificuldades que se organizam à volta da adaptação ao país de acolhimento.
Para finalizar, destacar as inevitáveis expectativas sobre o futuro. Nunca sabemos quando uma guerra vai acabar, em que estado ficará o país, como se reconstroem pessoas, comunidades e culturas ou a extensão do impacto da insanidade que traz uma guerra. Portanto, sem fazer promessas, foquemos em fazer o que está ao nosso alcance, aqui e agora, o melhor que podemos. Cada um no seu papel, uns enquanto profissionais, outros como colegas ou vizinhos, cuidemos de contribuir para o atenuar dos desafios inerentes à população refugiada, para o encaminhar destas pessoas para serviços de apoio competentes, revelando a dualidade da humanidade, que também sabe ser generosa, colaborativa e respeitadora.
Fique bem, pela sua saúde e a de todos os Açorianos!
Um conselho da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses.
Joana Amen*
*Psicóloga e Vogal da Direção da Delegação Regional dos Açores da Ordem dos Psicólogos Portugueses