Como analisa, numa breve síntese, os resultados das eleições?
Os dados são claros: o eleitorado, numa manifestação de civismo político, entendeu dar nova oportunidade à coligação do governo, sem no entanto, lhe atribuir a pretendida maioria absoluta que lhe proporcionaria uma maior estabilidade governativa.
Caberá, pois, a J.M.Bolieiro negociar com outros partidos os necessários consensos para levar por diante os seus projetos políticos.
Fica claro que a dispersão de votos por outras forças partidárias revela que o Governo dos Açores tem de acolher propostas alternativas. É desse modo que as instituições democráticas açorianas serão fortalecidas.
A lição dada pelo povo dos Açores deve ser entendida por todos, sem menosprezo dos diferentes entendimentos e propostas que só reforçam as liberdades democráticas.
Quem são os vencedores e os derrotados destas eleições?
Mais importante que falar em vencedores e vencidos, é olhar para os resultados e para os deputados eleitos e saber ler o papel que lhes cabe nas instituições democráticas.
Venceu a democracia e o bom senso do eleitorado ao saber distribuir as suas opções político-partidárias pelos candidatos em presença.
Manter e alimentar o controverso e por vezes agressivo discurso eleitoral não conduz a nada. Antes revela o vazio de ideias e de propostas e afasta os cidadãos do processo político. E isto é um caminho perigoso que importa não trilhar.
Como considera que vai ser a nova governação?
J.M.Bolieiro, Domingo, tomou a atitude acertada ao não abrir as portas à “imprescindibilidade” do partido de André Ventura.
Isso facilita o posicionamento do PS no quadro parlamentar. O seu programa de Governo, em certas áreas, não se diferencia das propostas da AD e, como não obteve a maioria dos deputados, tem de encontrar, em cada situação, a melhor forma de contribuir, criticar e de facilitar o processo governativo.
O eleitorado delegou no PS o papel de oposição construtiva. Essa missão deverá ser responsável, para que outros não a assumam com propostas para diminuir o estado social e acabar com direitos consagrados constitucionalmente.
Ao novo Governo, pede-se competência, diálogo e transparência de processos.