A APPAA, Associação para a Promoção e Protecção Ambiental dos Açores, renovou ontem o desejo para que se “corrija a prática indefensável de festejar o dia de Carnaval na avenida Infante D. Henrique, em Ponta Delgada”.
“O uso de sacos de plástico generalizou-se nos anos 80 do século XX, mas na década seguinte foi detectada a “grande ilha de lixo do Pacífico”. Devido à crescente poluição provocada pelos plásticos, vários países adoptaram medidas para limitar ou proibir o seu uso”, acrescenta a Associação.
“Em 2018 havia 127 países que já tinham adoptado legislação idêntica e, em 2019, a União Europeia, na qual nos incluímos, adoptou a directiva relativa aos plásticos de uso único. Esta é uma evolução necessária e que tem de ser aceite e cumprida”, sublinha.
Segundo a APPAA, “a consciencialização ambiental tem sido crescente e a autarquia de Ponta Delgada tem tomado decisões com carácter definitivo, nomeadamente no ordenamento do trânsito, apesar da dificuldade de serem compreendidas imediatamente”.
“A intenção de contribuir para a diminuição da poluição na zona histórica da cidade e devolver o espaço público aos cidadãos está em consonância com a afirmação de modernidade. A cidade de Ponta Delgada será capital portuguesa da cultura daqui a menos de dois anos”, alerta.
A APPAA considera “contraditório que continue a cedência e o patrocínio da Câmara Municipal de Ponta Delgada a uma actividade que contraria todas as boas intenções anteriores. Esta actividade contraria todos os esforços feitos para a educação ambiental e contraria as regras e normativas europeias, nacionais e regionais sobre poluição”.
“O argumento da “tradição” não poderia sobrepor-se à evolução natural da sociedade, mais consciente dos procedimentos que respeitam os direitos sociais.Mas, nem a invocação de que estas práticas são tradicionais pode ser aceite, porque não são. A tradição é a transmissão de hábitos e costumes entre várias gerações e são parte do património cultural da sociedade”, afirma ainda.
“Não pode ser considerado tradicional o uso de parte de uma avenida que existe há poucas décadas. Nem pode ser considerado tradicional o uso de um material que começou a ser usado nos finais do século anterior e começou a ser proibido logo na década seguinte. Todas as ilhas dos Açores, incluindo a ilha de S. Miguel, são ricas em tradições muito diversas para celebração do Carnaval”, diz a Associação. A APPAA considera que “o apoio da autarquia de Ponta Delgada às manifestações carnavalescas tradicionais, seria uma decisão com valor cultural e ambiental”. A APPAA reitera o seu apelo para que a Câmara Municipal de Ponta Delgada retire o seu apoio e licenciamento para a utilização de qualquer via pública para o que constitui a adulteração da chamada “batalha de limas”.