Edit Template

“Para a frente é que o caminho” ou talvez não…

O PS/Açores mereceu, no passado domingo, a confiança de 35,91% do eleitorado. Este resultado traduziu-se em 23 mandatos. Em 2020, tinha merecido a confiança de 39,13% do eleitorado. Tal votação havia garantido 25 mandatos. Em 2016, o PS obteve 46,43% que significou 30 mandatos. Em 2012, o PS havia merecido a confiança de 49,02% do eleitorado. Este resultado permitiu obter 31 mandatos. Em 2008, o PS 49,92% (30 mandatos). Em 2004, o PS atingiu uns extraordinários 56,97% (31 mandatos). Este foi o melhor resultado obtido pelo PS/Açores em eleições para a Assembleia Legislativa Regional. Passaram quase 20 anos. Os dados, que são como o algodão, não têm duas leituras.
O PS está numa tendência decrescente desde as eleições de 2004. Em número de votos, passou de mais de 60 mil para pouco mais de 41 mil votos arrecadados no passado dia 4 de fevereiro. Percentualmente, veio de 57% para 36%. Em mandatos, passou de 31 para 23. Isto é o que nos diz os frios números das ultimas duas décadas. As razões para esta curva são, garantidamente, múltiplas. Cada militante, simpatizante, eleitor ou até mero observador da política regional, terá a sua explicação para esta factualidade.
À data que escrevo, o Presidente do PS/Açores deu-me mais uma razão para juntar às outras que fui escrevendo e dizendo por aí ao longo dos últimos anos. Refiro-me à decisão de votar contra a proposta de programa de governo. E, principalmente, ao facto dessa decisão ter sido tomada por unanimidade e aclamação! No secretariado regional e na comissão regional. Esta votação é um espelho da realidade descrita nos frios números que refiro no início deste texto.
O PS é um partido plural. O PS é o partido da Liberdade. De pensamento e de ação. O PS/Açores é dos Açores. O PS tem órgãos que devem (ou deviam) refletir essa pluralidade, liberdade e visão. O PS tem nas suas fileiras homens e mulheres que dizem sempre o que pensam. Homens e mulheres que até integram os atuais órgãos regionais do partido. Homens e mulheres que disseram uma coisa e votaram em sentido contrário. Porquê? Não sei.
O que sei é que esta unanimidade confirma que o PS ainda não percebeu o que vem acontecendo nos últimos 20 anos. A tendência da curva não se altera construindo-se muros em cima de muros. Elevar a muralha só tem um efeito: fechar cada vez mais o partido. O tempo e resultados convida a uma profunda reflexão. A hora devia ser de parar para pensar. Arrepiar caminho. Abrir e ouvir. Colocar os Açores à frente de tudo o resto. Continuar a bater palmas, seguramente de olhos fechados, terá já uma resposta muito em breve. É só esperar até ao dia 10 de março…

Hernâni Bettencourt*

*Jurista

Edit Template
Notícias Recentes
60% dos rendimentos é para a renda - Taxa de esforço para arrendar casa em P. Delgada sobe 9%
Google faz forte investimento nos Açores com cabo submarino e centro de dados
Empresários dos Açores criticam falta de qualidade nos serviços aéreos
Taxa de desemprego com forte descida nos Açores
Açores continuam com maior desigualdade na distribuição de rendimentos
Notícia Anterior
Proxima Notícia

Copyright 2023 Diário dos Açores