As irmãs contemplativas do Bom Pastor, que vivem no Convento da Esperança, em Ponta Delgada, criaram redes de oração para ajudar pessoas que vivem momentos de fragilidade, num gesto que pretende ser de acolhimento.
“Nessa abertura ao mundo, [as irmãs contemplativas] acabam por desempenhar tarefas muito importantes em termos de acolhimento e até mesmo, também, em termos de espiritualidade e criar redes de oração perante pessoas necessitadas, nomeadamente em termos de doenças”, disse o reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, cónego Manuel Carlos, em entrevista à Agência ECCLESIA.
“Uma das coisas curiosas que há pouco tempo me percebi, pessoas que estão a viver a realidade do cancro, acabam por criar uma rede de oração, umas pelas outras, e vão entrando em contato, partilhando experiências, mas, sobretudo, a força e o dinamismo que vem da fé para enfrentar as dificuldades”, explica.
A irmã Maria Magdalena Quinto, do Equador, faz parte da comunidade de Irmãs Contemplativas que chegaram aos Açores em Janeiro de 2022, e que são as zeladoras do Culto ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, no Convento da Esperança.
Deste período de dois anos, a religiosa salienta o acompanhamento que realiza junto das pessoas com cancro.
“Tenho um grupo de pessoas, de 38 pessoas com cancro, que acompanho”, indica, revelando que algumas delas já estão curadas.
“O milagre deles é que oram uns pelos outros”, destaca.
Actualmente, a irmã tem quatro grupos de oração e conta que o primeiro começou com cinco pessoas e que agora já conta com 38 elementos.
“E depois eu falava: ‘mas por que não pedir mais ajuda? Como poder chegar a outras pessoas também para que conheçam Deus, Santo Cristo?’. Então fiz uma página no Facebook. E aí tenho outro grupo que se chama Servos do Santo Cristo dos Milagres. São 18 pessoas”, adianta.
A religiosa relata que os doentes se entusiasmam, quando sentem que não estão sozinhos, “que alguém está a orar por eles”.
O Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres encontra-se actualmente “numa fase de transição”, com muito espaço disponível, sendo que aquele que se encontra em “boas condições” é disponibilizado, sobretudo, às famílias que se deslocam, por razões de saúde de familiares.
“Às vezes vêm de um momento para o outro, são chamados a ir para outro hospital, outra ilha e, portanto, ficam desamparadas e aqui podem encontrar este lugar de apoio. Depois, pode haver situações, mas o futuro dirá, em que doentes deslocados, que estejam num tratamento prolongado, também aqui encontrem as condições necessárias de repouso e de estadia”, avança o reitor do Santuário.
Para o futuro, o cónego Manuel Carlos assinala o desejo de o Santuário ser utilizado “pela juventude” e a esperança de que este seja “um espaço de diálogo entre a fé e a cultura, entre o mundo religioso, inserido na cidade de Ponta Delgada” e nos Açores, conclui na entrevista à ECCLESIA.