Os dados para análise da semana: o Grupo de Peritos em Saúde Pública da Comissão Europeia (PHEG)
O PHEG é composto por representantes dos ministérios da saúde dos Estados-Membros da União Europeia, e aconselha a Comissão sobre questões de saúde pública. O Diretor Interino de “Saúde Pública, Cancro e Segurança da Saúde”, é Philippe Roux.
As doenças não transmissíveis (DNC) representam 80% dos custos em saúde, pelo que é essencial apoiar os Estados-Membros e os cidadãos. A forma mais eficaz é através da prevenção, que pode reduzir o número de casos em até 70%. O PHEG identifica as melhores e mais promissoras práticas, partilha-as entre os Estados-Membros e elabora orientações e recomendações da UE.
A Comissão criou uma série de subgrupos para apoiar o trabalho do PHEG, em domínios fundamentais. Actualmente, existem 4 subgrupos: saúde mental, vacinação, cancro e doenças não transmissíveis, e uma rede, a “Rede de Peritos sobre a Covid Longa”.
Estes domínios são prioridades da Comissão, e o trabalho do PHEG é indispensável para a execução dos principais planos e acções da UE, incluindo o “Plano Europeu de Luta contra o Cancro”, a iniciativa da UE sobre doenças não transmissíveis «Juntos mais saudáveis», e a Comunicação da Comissão sobre uma abordagem global da saúde mental.
O subgrupo sobre vacinação aconselha a Comissão sobre a forma de apoiar os Estados-Membros da UE a aumentarem as suas taxas de cobertura vacinal. Apoia igualmente a Comissão nas iniciativas políticas em matéria de vacinação, incluindo a proposta recente da Comissão de recomendação do Conselho sobre cancros evitáveis por vacinação. Este subgrupo reunir-se-á novamente em Abril, para debater a cobertura da vacinação contra o sarampo, à luz dos atuais surtos nos países europeus.
O subgrupo «Saúde mental» está a apoiar os Estados-Membros no reforço da promoção e prevenção da saúde mental, em especial nos grupos mais vulneráveis.
O subgrupo para a prevenção de doenças não transmissíveis (DNC) aconselha a Comissão na definição e aplicação de uma abordagem estratégica abrangente de promoção da saúde e prevenção da saúde, que abranja todo o ciclo de vida e se centre nos determinantes da saúde, bem como na equidade em saúde e na qualidade de vida. Duas doenças não transmissíveis representam as principais causas de morte prematura na UE — doenças cardiovasculares e cancro — e partilham factores de risco comuns com outras doenças não transmissíveis. Os Estados-Membros estão a trabalhar em conjunto para combater as doenças cardiovasculares e a diabetes, através da Acção Comum JACARDI.
O subgrupo sobre o cancro foi criado para colaborar com representantes dos Estados-Membros no âmbito do mecanismo de governação do “Plano de Luta contra o Cancro”. O grupo reúne-se de 6 em 6-8 semanas, para fornecer informações atualizadas sobre a execução a nível nacional e da UE das acções relacionadas com o cancro, comunicar quaisquer problemas relacionados com a aplicação e recomendar acções para melhorar a adopção das melhores práticas. O grupo cria sinergias com a “Missão do Horizonte Europa sobre o Cancro”.
A “Rede de Especialização sobre a COVID-19 Longa” debate a gestão e o tratamento da COVID-19. Visa identificar lacunas, necessidades e desafios relacionados com a COVID-19 longa e encontrar soluções. A rede solicitou recentemente aos seus membros uma panorâmica das ações dos Estados-Membros, para dar resposta aos desafios de longa duração da COVID-19, identificar os temas que a rede deve abranger e recolher ideias para acções concretas que envolvam a cooperação internacional. As prioridades identificadas incluem o reforço dos sistemas de vigilância e a formação profissional do pessoal de saúde.
Os membros do PHEG concordaram em avançar com uma abordagem abrangente, multissectorial e ao longo da vida, para a prevenção de doenças não transmissíveis, que vai além da saúde pública e inclui áreas políticas fundamentais como o emprego, a educação, a digitalização, a investigação, a cultura, o planeamento urbano, os alimentos e dietas, o ambiente e a atenuação e adaptação às alterações climáticas, com uma abordagem da saúde ao longo da vida e ações eficazes sobre o tabaco, o álcool, a nutrição, a atividade física e os determinantes sociais, ambientais e comerciais da saúde.
A Ciência da semana: Os doentes que ocorrem aos Serviços de Urgência (SU) no pós-pandemia estão mais doentes (em média)
Os dados do Estado do Massachusetts mostram que os SU estão a abarrotar. Por vezes esquecemos que os “tempos anteriores à covid” não eram tranquilos. Os SU no Massachusetts estiveram muito ocupados em 2019 e início de 2020. Mas, quando a Covid-19 chegou, algo estranho e inesperado aconteceu: inicialmente havia menos pacientes no SU, em geral. Os que havia, porém, estavam muito doentes. Nove Nove meses depois – no primeiro inverno da Covid-19 – as idas ao SU voltaram a níveis anteriores à pandemia. Mas as coisas pareciam piores… Porquê? Quando rastreamos a capacidade de um SU e de um hospital, os dois principais factores são o volume e a gravidade da doença. Se 10% dos pacientes do SU forem internados no hospital (ao invés de terem alta), este será um conjunto de casos favorável; 30% reflecte uma população muito mais doente.
Quando as coisas complicam, existe um risco real de que as equipas de serviço deem alta aos pacientes mais cedo do que seria o ideal. Na verdade, hospitais cheios tendem a ter mais doentes, e mais doentes.
Dados do Departamento de Saúde do MA mostram que desde o início da pandemia, em média, mais de 22,4% de todos os pacientes do SU no Massachusetts precisaram de hospitalização. Isso está bem acima dos níveis de 2019 e início de 2020, quando a taxa média era de 19,6%. As mudanças foram mais extremas no primeiro ano da pandemia, mas, desde o segundo ano, as médias têm subido. Porque é que isso está a acontecer? Provavelmente por uma combinação: a persistência contínua da Covid (embora em níveis mais baixos) com a recuperação dos níveis de cuidados de saúde anteriores.
A Homenagem da semana: à mobilidade articular de algumas colunas vertebrais
Diz a Wikipédia que o “Duplo Twist Carpado” é uma variação do salto twist (popularmente conhecido como uma pirueta de giro em torno de si) seguido de um mortal duplo. Este movimento foi executado com perfeição pela primeira vez pela ginasta brasileira Daiane dos Santos. Antes do salto a ginasta realiza uma série de movimentos durante a corrida para ganhar velocidade na direção horizontal e quantidade de rotação, pois há a realização de pirueta (rotação) no ar. No final da corrida realiza um movimento de grande velocidade vertical para ganhar impulso nesta direção. Durante o movimento, o centro de gravidade descreve uma trajectória parabólica adquirida pela velocidade e ângulo de saída, no momento do início do salto. Deve-se saltar o mais alto possível – no intuito de permanecer um maior tempo no ar – para se armazenar uma maior quantidade de movimento angular e assim, poder realizar as rotações da acrobacia. A ginástica como explicador perfeito da vida de alguns. Haja Saúde!
*Mário Freitas, médico consultor (graduado) em Saúde Pública,
competência médica de Gestão de Unidades de Saúde