O Bispo de Angra lembrou no Domingo de Páscoa, os presos, pobres, sem-abrigo, sem família e sem amor, pedindo que o Ressuscitado “entre em cada uma destas habitações e aí deixe o que mais necessitam e pedem”.
D. Armando Esteves Domingues recordou, na homilia da Missa a que presidiu, na catedral diocesana, a aflição de Maria Madalena que não vê o corpo de Jesus, no sepulcro, lágrimas que evocam “os rostos das mulheres de Gaza e de Israel, da Ucrânia e da Rússia, de Moçambique e do Iémen, da Síria e do Afeganistão e muitas outras que choram a perda de filhos e de esposos, na absurda carnificina deste século”.
A intervenção destacou o espanto de Pedro e João, discípulos de Jesus, e a dificuldade de compreender o que tinha acontecido: “Lembram homens e mulheres da Igreja, bloqueados e incapazes de ver a luz nova de Cristo nestes tempos de mudanças que já aconteceram”.
O responsável católico recorda a “radicalização de opiniões”, ou o refúgio nos “modos tradicionais de fazer”, atitudes que, no seu entender, revelam pouca abertura ao Espírito, e perda da “alegria do amor às pessoas concretas e a vontade de gerar laços novos de fraternidade e unidade”.
“Os protagonistas do anúncio da novidade pascal somos todos”, indicou D. Armando Esteves Domingues.
Este protagonismo, acrescentou, requer empenho porque para alguns “Cristo continua morto” e “no sepúlcro do egoísmo.
“Não o deixam sair e invadir as suas casas de família, os seus lugares de trabalho”, advertiu.
Para D. Armando Estes Domingos, há “irmãos sonâmbulos” que caminham sem rumo nas praças e ruas, “jovens que precisam de drogas para simular a alegria de viver, homens e mulheres vítimas de agressão e exploração sexual, laboral ou outra qualquer”.
No dia em que a Igreja celebrou a ressurreição de Jesus, o Bispo de Angra reconheceu que “todos tentam ir onde o sucesso é garantido”, mas a Palavra de Cristo é a única capaz de ir aos “lugares de morte para dar vida nova e definitiva”.
“O Senhor tem prazer em ir onde há fracasso para dizer: coragem, começa de novo”, disse ainda.
O Bispo apelou a “um amor mais criativo”, uma Igreja com capacidade para complementar as “responsabilidades de governos e instituições na protecção dos mais frágeis”.