“Onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração” (Mt 6, 21). São palavras de Jesus que nos ajudam a pensar na necessidade de nos examinarmos sobre quais são os nossos tesouros, porque neles estamos a “gastar” o nosso coração.
Nós distinguimo-nos por aquilo que amamos: pessoas, coisas, ideais, sonhos, aspirações etc. E esses amores configuram o nosso ser e o nosso modo de atuar diário.
O amor é o motor da nossa vida.
De tal modo é assim que o nosso modo de ser depende muito mais daquilo que amamos do que daquilo que pensamos.
Uma pessoa pode pensar que é bom ser honesto, e ao mesmo tempo amar o dinheiro como um grande tesouro. Se esse amor for “sério”, é muito provável que o pensamento de ser honesto seja “esquecido” no momento de receber um dinheiro “fácil”.
Não basta pensarmos bem, é preciso examinar onde temos o coração.
É normal que desejemos muitas coisas diferentes e de diversa categoria. Mas os antigos gregos já tinham descoberto que, para conseguir os bens mais altos (a sabedoria), temos de nos contentar com poucos bens mais “baixos” e não pôr neles o coração como se fossem o nosso fim.
A esta virtude chamamos sobriedade.
Não podemos repartir os nossos amores, porque não possuímos demasiado espaço no coração. Se uma pessoa põe o seu coração na comida, na bebida, na diversão, na preguiça (no que é passageiro) não sobra capacidade para amar os bens mais altos. Assim pensavam os gregos, e tinham razão.
Resumindo de um modo cristão: sem sobriedade, não é possível viver de um modo sábio amando a Deus e ao próximo como a nós mesmos.
Como diz JL Lorda, contentar-se com pouco dá muita liberdade, evita vários desgostos e é profundamente ecológico. Liberta-nos do consumismo da sociedade moderna, que impede viver sabiamente esta vida, e é o único modo de ser verdadeiramente feliz.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria