Marcelo Rebelo de Sousa terá contradições, mas não dá ponto sem nó.
Podemos, muitos de nós, não estar de acordo com as suas controvérsias. Mas elas são propositadas.
Na sua última insinuação de compensar antigas colónias, limitou-se a atirar o assunto sobre a mesa e não faltaram jogadores… Estava instalada a discussão, quente, sobre o assunto.
Marcelo Rebelo de Sousa não o fez ao acaso! Foi tudo pensado e aqueles e aquelas que julgam o contrário, estão caminhando em campo minado de ideias. E já fez vítimas. Alguns ficaram sem os neurónios de tanto pensar.
O partido chamado André Ventura, é um desses. Indo ao extremo de acusar Marcelo de traição à pátria. Claro que, nos dias de hoje e nesta modernidade global que vivenciamos, Ventura terá de me explicar o que é “pátria” para ele. Um conceito que ele deve ignorar. E o seu intuito nem sequer é saber o que significa. O jogo de Ventura chama-se “DENEGRIR”. Emporcalhar o mais possível os ideais das democracias deste tempo, para tentar justificar a sua ditadura.
O neonacionalismo de Ventura e do seu Chega, esquece propositadamente que o presidente da República portuguesa, no atual contexto, é o único cargo político verdadeiramente democrático em Portugal, porque é eleito diretamente pelo povo. Não passa pelas listas partidárias, onde se pode incluir toda a espécie de incompetência, inaptidão, ignorância, canastrice e canalhice, enfim, todas aquelas “qualidades” que tanto “adoramos” ver em muitos políticos da nossa praça – tanto em São Bento, como na Horta ou no Funchal.
O partido de André Ventura faz-me lembrar a União Nacional de Salazar e até tem os mesmos tiques!!!
Que Belzebu nos livre de um dia tomarem o poder. Serão piores que Pinto da Costa – nunca mais vão querer sair, a não ser com outra revolução ou numa qualquer taça de Portugal.
Nem Ventura, nem nenhum chefe partidário ou deputado/a, tem o poder democrático do presidente da República. E se há algo que eu nunca vi Ventura e o seu Chega reivindicarem, foi tornar os atos eleitorais para as assembleias de deputados mais democráticos e transparentes.
Mas a estapafúrdica ideia de acusar o presidente da República de “traidor à pátria”, não passa de uma ideia excêntrica, absurda e antidemocrática. E até ignorante sob o ponto de vista histórico.
Mas o que Ventura – e outros – devem dizer em contraponto a Marcelo, é que ajudamos em mais de 500 milhões de euros anuais os países lusófonos em várias frentes; Que continuamos a manter excecional solidariedade com todas as lusologias do globo; Que distribuímos tudo o que podemos, mais do que outros países o fazem nas suas ex-colónias; Que Marcelo deveria usar o seu cargo de influência para que o governo neocolonialista de Lisboa, pague atempadamente as suas dívidas, contratos e deveres que tem nas “suas regiões autónomas”; Para que deixemos entrar mais imigrantes de Timor, em vez do desastre comprovado da imigração do Nepal, cujas dificuldades linguísticas, culturais e outras, não vão ao encontro das nossas necessidades laborais.
André Ventura e o seu Chega, só existe pela tolerância do regime democrático que ele tanto combate. Como os comunistas, os bloquistas e outros radicais, tem os dias contados.
Toda a História tem o seu tempo e o seu contexto. Pagar pelo passado, é retornar a terra portuguesa e toda a Península Ibérica aos árabes, desde que Afonso Henriques em conluio com Castela começaram a roubá-la em nome de Cristo. Isto não cabe nem na cabeça duma galinha.
José Soares*